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Título: A tristeza que balança...
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 10/08/2001
 

"O samba é a tristeza que balança. O samba é da tristeza a esperança de um dia não ser mais triste, não" (Vinicius de Moraes)

01. Gostaria de excepcionalmente hoje lhe pedir uma distinção. Que antes de começar a ler essas maltraçadas, e caso isso seja possível, procure lá entre seus CDs ou mesmo entre os velhos discos de vinil um que tenha o velho "Samba da Benção", de Baden Powel e Vinicius de Moraes. Preferencialmente, e se não for pedir muito, interpretado pelo próprio Poetinha tendo o parceiro ao violão...

02. Não sei precisar exatamente o motivo. Talvez seja o sol morno desta manhã de quinta-feira. Ou a tristeza que sempre causa a morte de alguém que imaginávamos imortal, como a do escritor Jorge Amado; como um dia eu, garoto, acreditei que fosse o seu Aldo, meu velho e saudoso pai.

03. Talvez seja o desencanto de bater sempre na mesma tecla em prol do que acreditamos ser uma sociedade mais justa e equilibrada e, a bem da verdade, ter a cada manhã como tema as desventuras de Jáder Barbalho, ACM, FHC, apagões, desemprego, alta do dólar, violência urbana e outras tantas questões similares.

04. Muitas vezes, enquanto escrevo, surpreende-me a dúvida. Será que falar desses estropícios seria mesmo a melhor maneira de dar bom-dia aos amáveis leitores de GI. Tal e qual uma artilharia pesada, o rádio, a TV e os diários já nos bombardeiam cotidianamente com tantas e tamanhas que nem sei como resistimos e não piramos todos de vez. Se é que tal fenômeno, como no conto "O Alienista", de Machado de Assis, já não vem ocorrendo...

05. Até em traços mais originais de nossa cultura, como o futebol e a música, sentimos a derrocada. Andam insuportáveis. O futebolzinho anda tosco; a seleção é só vexame. E a música, mais bizarra impossível: sai do intragável sertanejo-pop para o axé, do pagode choroso para o forró dos mauricinhos e por aí caminha a vulgaridade.

06. Olha aí. Não queria. Mas, êpa, já baixou o amargor. Não vou deletar o item acima só para deixar o desabafo. Mas, tento aliviar a barra, desatarrachar saudades, lembranças e sonhos que se perderam e invoco ensinamentos de Vinicius em forma de samba cadenciado. A vida é uma só -- cantou o Poetinha.
Ninguém vai me provar que existe duas, a não ser que me tragam um documento com firma reconhecida em cartório oficial, carimbado e assinado embaixo: Deus.

07. Sua benção, poeta maior. Você, que se auto-intitulava capitão do mato, o branco mais preto do País. Valeram os toques. A gente sabe que é melhor ser alegre do que triste, que a alegria é a melhor coisa que existe. Mas tem dia que o caldo entorna de vez e só resta fio desencapado para o brasuca da hora se segurar e aí... Aí, a gente lembra que a vida é a arte do encontro embora haja tantos desencontros pela vida. E recorre a um velho samba para continuar tocando e seguindo em frente.

 
 
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