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Título: A verdadeira tragédia brasileira
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 30/11/2001
 

"O discernimento consiste em saber até onde podemos ir" (Jean Cocteau)

01. Outro papelão dos senhores doutores deputados ocorreu nesta quarta, 28. Haveria uma importante votação que propõe mudanças na CLT. Eis o que acontece: votos computados, pifa o painel eletrônico da Câmara e a apuração fica inacessível. Parlamentares da oposição pedem que os trabalhos sejam retomados e que os deputados pronunciem o sim ou não às mudanças em público e de viva voz. Justificam a solicitação, com argumento razoável: a questão tem caráter de urgência e, enquanto não for votada, não pode deixar a pauta do plenário. Os situacionistas não concordam: argumentam que alguns iriam se sentir constrangidos em ir ao microfone e, diante dos seus pares e eventuais espectadores, nominar seu voto em alto e bom som. Assim poderiam mudar de opinião. Então seria melhor esperar pelo pleno funcionamento do painel...

02. O presidente da Câmara, Aécio Neves, ainda tentou recomeçar a votação. Mas, o que se viu foi o esvaziamento do plenário -- e sem quórum (todas as votações exigem um mínimo de 250 vereadores) a proposta deve ser votada na próxima semana...

03. Antes que aconteça a votação, haverá os parangolés de praxe. O bendito painel foi lacrado e anuncia-se uma investigação para que se apure de fato qual foi o problema, se houve intencionalidade de alguém, se isso ou aquilo. Coisas que, enfim, nunca se saberá ao certo se verdadeiras ou falsas...

04. Quando se assiste às cenas como essas pela TV, a primeira reação é do sorriso descompromissado que se dá diante de um besteirol do Supla ou da reprise dos Trapalhões. Mas, no momento seguinte, vem mesmo é uma baita indignação com mais um capítulo da verdadeira tragédia brasileira: a falta de seriedade e respeito com nossas instituições e com o universo de bens e conquistas de sociedade.

05. Por exemplo: elegeu-se uma Assembléia Nacional Constituinte para que fosse elaborada uma Carta Magna. Esse texto seria referência para que a Nação se pronunciasse em torno de algo que se pode entender (e até aspear) como bem comum. O respeito a essas normas -- doesse a quem doesse -- é fundamental e dá sustentação para que todos se entendam iguais perante a Lei.

06. Às vezes, penso que tenho uma maneira simplória demais de ver o mundo. Por exemplo: se fez uma Constituição para respeitá-la e não para jogá-la no lixo à primeira crise ou porque determinados grupos de interesses se sentem prejudicados. No entanto, o que se vê e ouve não é bem assim. Há sempre duros questionamentos e propostas de mudanças que beneficiam o Poder e seus arredores. A emenda constitucional que regulamentou a reeleição, como esquecê-la!, foi um escândalo, mas virou e deu outro mandato ao tucanato e a Fernando Henrique.

07. Agora, com a tal flexibilização da CLT, outra papagaiada para retirar dos trabalhadores conquistas legítimas -- e que só beneficiam o patronato. Ah! mas a crise, o desemprego, a recessão, a miséria -- apressam-se em dizer os defensores da tal flexibilização que, particularmente, entendo como perdas. Só lembrar que, em tempo de fartura, não se criou nenhuma lei que socializasse os lucros. Só uma pergunta, já que perguntar não ofende: Por que o governo não baixa os encargos trabalhistas? Uma boa solução -- e toda a sociedade sairia ganhando...

 
 
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