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Título: Acordo de FHC e ACM detona Ford Ipiranga
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 23/07/1999
 

"O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade" (Einstein)

01. A queda de braço entre Fernando Henrique Cardoso e o presidente de fato, ou melhor dizendo, do Senado, Antônio Carlos Magalhães, sobre a implantação da fábrica da Ford da Bahia acabou sobrando para os 1.450 funcionários da montadora da Unidade do Ipiranga.

02. Como assim? Explico: circulou nesta quinta-feira a notícia de que a direção da Ford admitiu informalmente que vai fechar a fábrica do bairro, a mais antiga da multinacional no País e a que atualmente produz caminhões. Portanto, todos já se sentiram no mais distante olho da rua. Tanto que ontem mesmo os funcionários deram início a uma paralisação, numa vã tentativa de reverter a situação que ainda não é oficial. Foram pegos de surpresa pela notícia e queriam esclarecimentos. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC também lá estava. Anunciou que dará início a uma série de negociações para, em última análise, incorporar a unidade paulistana à do ABC. As perdas sociais seriam bem menores -- enfatizou um de seus representantes.

03. Essa possibilidade, no entanto, parece bem remota. Há tempos, a alta cúpula da montadora estuda a possibilidade de reduzir o tamanho e a representatividade da fábrica de São Bernado do Campo. Pesa nesta decisão o fato de que a cidade possui uma tradição sindical forte e atuante, além do que, por aqui, os salários são bem mais altos. Na Bahia, os próceres da Ford se sentem mais seguros. Sabem que, ao menor sinal de greve, ACM -- e sempre ele -- manda prender e manda soltar. Em síntese, lá a possibilidade de qualquer movimentação simplesmente inexiste...

04. De resto, acentuam a especulação às declarações do vice-presidente da Ford para a América Latina, Ivan Fonseca da Silva. Em recente entrevista à
Update, publicação semanal da Câmara Americana de Comércio, foi contundente em sua avaliação. Vai faltar espaço para as montadoras que já estavam no país e para as que chegaram nos últimos anos. Para o executivo, o futuro da indústria automobilística brasileira está nas exportações. É portanto absolutamente incerto e impreciso.

05. Não há dúvida de que a questão deve repercurtir novos fatos nos próximos dias. Essa possibilidade acirra os ânimos ainda exaltados nas diversas facções do tucanato, uma delas liderada pelo governador Mário Covas. Todas, aliás, revelam-se insatisfeitas com os generosos incentivos que a multinacional recebeu para se instalar na Bahia, o feudo de ACM. Na quarta-feira, o governador foi, digamos, sarcástico ao saudar a fábrica baiana. Acho que foi uma bela festa... Viva a Ford.

06. Ao que parece o governador ligou o piloto automático e... salve-se quem puder em termos de Brasília. E a nave vai em termos de futuro. Quanto a nós -- é, nós mesmos, eu e você --, acredite, não podemos abrir mão do nosso sonho de um mundo melhor. Sabemos bem que as almejadas transformações começam na gente mesmo. Em nossa consciência, atos e fé. Somos obrigados a interferir em nosso destino mesmo que seja trabalhoso e nos custe algumas perdas. Só assim não seremos, como os trabalhadores da Ford Ipiranga, os últimos a saber que não precisam mais de nós.

NR: Democracia. Um conceito. Uma luta. Um homem. Franco Montoro.

 
 
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