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Título: Feliz Páscoa para todo o Planeta
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 01/04/1999
 

"A vida só pode ser compreendida se olharmos para trás. No entanto, só poderá ser vivida se olharmos para frente" (Kierkegaard)

01. Dois telefonemas de leitoras amigas comentaram o Caro Leitor da semana passada e deram o mote para o conversê de hoje. Na coluna anterior, que intitulei meio que emblematicamente de "O que deveria ser, e não é", procurei traçar um painel de nossa perplexidade diante de um novo estado de guerra e calamidade que ameaçava (e ameaça) dilacerar as entranhas da Europa, continente considerado como o berço da civilização e que, para espanto geral, às vésperas do Terceiro Milênio, ainda se defronta com uma situação absurda que envergonha a toda Humanidade.

02. A leitora mais jovem, usando o dialeto próprio da sua idade, estranhou a "viagem" do colunista, já a partir do título. " Legal, cara, gostei, mas pirei um pouco no baixo-astral. Quer dizer que não tem jeito... E aí?" Bem, e aí e aí, disse eu, tentando traduzir o que acabara de ouvir. Felizmente, do outro lado da linha, a voz de alguém por volta dos vinte e poucos anos continuou a falar. Reconheceu que a chuva de notícias ruins que caem diariamente sobre nossas cabeças nos deixa "absurdamente impotentes" diante do que está por vir. E aí concordou com o texto quando diz que, neste contexto de turbulência, acabamos por abandonar " os sonhos e a vontade de ser feliz ". Ficamos órfão de nós mesmo. Fez até uma ressalva bem apropriada que transcrevo com aspas, mas com termos já traduzidos para todas as idades: "Estamos sempre adiando nosso projeto de vida para um futuro que nem sabemos ao certo se virá e quando virá... E assim vamos vivendo mecanicamente até uma dessas tantas guerras que enfrentamos diariamente nos pegue e ponha tudo a perder".

03. Interessante observar. A palavra guerra volta aos noticiários com os deploráveis, sob todos os aspectos, bombardeios a Kosovo. Mas, a jovem soube como contextualizá-lo em nossa dura realidade, inquestionavelmente permeada de muitos conflitos -- valem os de ordem pessoais e os sociais. Perceba. Como melhor definir os altos índices de violência, o desemprego crescente, a recessão, a ameaça da inflação e os tantos quantos interesses que deflagram as discrepâncias entre o Poder Público e a questão da Ética e da Sociedade (Senão vejamos em São Paulo a devassa nas regionais, na Câmara Municipal, na própria Prefeitura ou em Brasília as dissenssões entre o Legislativo e o Judiciário, a partir da instalação de uma CPI, onde o primeiro promete investigar o segundo. Aí vem chumbo, pode crer, caro leitor. E pode correr para o abrigo anti-bombas, porque sempre acaba sobrando para nós...)

04. A segunda leitora (de mais idade, perdoe-ne a indelicadeza) preferiu destacar o tom cético do texto da semana passada. Mesmo sabendo que esses alertas são necessários, estranhou o tom entristecido da conversa e, principalmente, que não houve qualquer aceno para uma solução, para um final feliz, "o que, aliás, sempre acontece nas linhas finais da coluna". Em tom maternal, perguntou: "Tá tudo bem, com você, filho, tá?"

05. Não lembro o que respondi na hora. Mas, agora, pensando melhor, entendo que, diante dessa mesma indagação, a maior parte das pessoas faria como fiz. Responderia que sim, sem pensar. Por hábito ou pudor em parecer chato ao relacionar os inumeráveis males que assolam corpo e alma. E assim vamos levando desde priscos tempos. Disfarçamos nossos medos e frustrações com a certeza de que amanhã é um novo dia (a mesmice permaneça imutável). Driblamos as pressões e fingimos que tudo está em seu lugar, mesmo quando nossos sonhos e conquistas acabem sob a poeira do tempo abandonado num canto qualquer do porão da vida.

06. Cá estou eu a escorregar no assunto. Mas, o que quero dizer claramente é o seguinte, dois pontos, aspas para mim: as mudanças começam em nós - e por nossa coragem e determinação de melhorar e de melhorar o mundo à nossa volta.Se o indivíduo não mudar, não há como construir o tal novo mundo. Se você não for justo com você, não há como pleitear a almejada justiça social. Se você se acomodar na crise, é absolutamente impossível superá-la. E aí os oportunistas e autoritários de plantão não perdem a oportunidade de implantar o quanto pior melhor. E a nós caberá apenas chorar o leite derramado...Aliás, já perceberam como algumas pessoas têm vocação para ser infeliz e fazer com que tudo ao redor se entristeça...

07. Para a leitora que cobrou um final feliz para a crônica, acrescento que estamos aí na luta. A vida nos oferece brechas que cada um de nós deve perceber e aproveitar em nome do próprio sonho, de sua lenda pessoal. Somos nós os protagonistas da nossa História. Só assim vamos espalhar a tal felicidade pelos quatro cantos do mundo. Ninguém vive por nós. À luta, pois, simpáticas leitoras que me ligaram e Feliz Páscoa (que significa renascer) a todos os meus caros leitores.

 
 
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