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Título: O nada, o lugar nenhum e o Fura-Fila...
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 09/06/2000
 

"Se é razão que faz o homem, é o sentimento que o conduz" (Rousseau)

01. A obra vai do nada ao lugar nenhum. A frase do então prefeito nomeado de São Paulo, Mário Covas (de 83 a 85), serviu para definir a falta de utilidade da pista elevada sobre o rio Tamanduateí, construída pelo seu predecessor no cargo (adivinhe quem?) Paulo Maluf. Como se vê, à época, o hoje governador Covas já era birrento e também já andava às turras com o arquirival Maluf...

02. Em três anos de administração em São Paulo, Covas simplesmente ignorou a pista elevada. Não lhe deu qualquer destinação, o que ressaltaria o erro administrativo de Maluf. Era um elefante branco em plena megalópolis, um desperdício que havia consumido um considerável dinheiro público, algo em torno de 40 milhões de cruzeiros, que era o dinheiro da época.

03. O prefeito seguinte, o ex-presidente Jânio Quadros, não esperou muito. Fez algumas adaptações à obra, e deu-lhe logo serventia. Mal ou bem, é mais uma opção ao caótico trânsito paulistano; diga-se, num ponto estratégico de São Paulo.

04. Lembro essa breve história porque tanto o Fura-Fila como uma corruptela da frase de Mário Covas estão em evidência nesta semana. O Veículo Leve Sobre Pneus (nome oficial da coisa) parece a cada dia mais distante das pautas de realizações (?) do novo prefeito Régis de Oliveira já a expressão do nada ao lugar-nenhum saiu da boca da prefeiturável petista Marta Suplicy. E sabe para quê? Para definir o trajeto do fura-fila que, aliás, é em grande parte sobre a pista elevada do Tamanduateí...

05. A bem da verdade, a íntegra da frase da Marta, dita numa entrevista de TV, é a seguinte: "hoje a obra vai do nada a lugar nenhum. É só para mostrar que está sendo feita." Mesmo não considerando uma obra importante, a pré-candidata disse mais. "Se houver recursos e as obras estiverem adiantadas, aí vai ser meio absurdo parar." Marta inclusive quer estendê-lo até a Vila Prudente. Seria um outro ramal com mais 5 quilômetros para dar mais sentido. Afinal, dinheiro público foi investido ali.

06. Assim como Marta, outros pré-candidatos a prefeito de São Paulo devem se pronunciar com maior ou menor veemência sobre o Fura-Fila. Mas, na verdade, quem vai definir o tanto de sua sobrevida -- e até mesmo do sucesso de sua implantação -- é o agora prefeito Régis de Oliveira. Se a obra for paralisada, será muito difícil retomá-la no próximo ano, quando assumir o novo prefeito. Sua continuidade, porém, pode ser entendida como uma medida politicamente (e eleitoralmente) incorreta. O novo staff do Palácio das Indústrias estaria avalizando um projeto de Celso Pitta, o renegado nome que todos querem esquecer.

07. Em meio a esse fogo cruzado de interesses está a região do Ipiranga, espatifada no principal eixo comercial (Sacomã) e pelo pesado trânsito por toda área ribeirinha do Tamanduateí. Não seria exagero dizer que as obras do Fura-Fila mexeram, e como!, com a estrutura urbana do bairro quatrocentão. E que, queira o prefeito Régis Oliveira ou não, algo precisa ser feito -- e urgentemente. Não dá para esperar Marta, Erundina, Maluf ou seja lá quem for o futuro prefeito. O Ipiranga, vale lembrar, não é lugar nenhum.

 
 
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