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Título: A crônica e os cronistas
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 05/04/2013
 

Claro que a discussão sobre a suposta crise do jornalismo impresso – e por que não dizer do próprio jornalismo em si – não se esgota nos três modestíssimos posts que aqui disponibilizei nesta semana.

Essa coisa toda vai ainda dar muito pano para manga, como se dizia nos antigamentes quando as mangas efetivamente faziam parte das vestimentas tanto do homem quanto da mulher.

Hoje, porém, quero mudar o foco da nossa conversa; mas, vocês verão, não é nada tão radical assim.

Primeiro quero transcrever um trecho da crônica “Pedro – o homem da flor”, de Stanislaw Ponte Preta, codinome do jornalista Sérgio Porto.

(Depois lhes explico a razão.)

II.

“Conversei uma vez com Pedro – o homem da flor. Já o vinha observando quando era o caso de estar num bar em que ele entrava. Via-o chegar e dirigir-se à mesa em que havia um casal. Pedia licença e estendia a cesta (de rosas) sobre a mesa. Psicologia aplicada, dirão vocês, pois qual o homem que se nega a oferecer uma flor à mulher que o acompanha quando se lhe apresenta a oportunidade? Sim, talvez Pedro seja um bom psicólogo mas, mais do que isso, é um romântico. Quando o homem mete a mão no bolso e pergunta quanto custa a flor, depois de ofertá-la a companheira, Pedro responde com um sorriso: “Dá o que o senhor quiser, moço. Flor não tem preço”.

III.

A razão.

Não sei se tocado pelas minhas recentes leituras – o próprio Stanislaw, Sabino, Cony. Ou se inspirado nos “vivas” ao centenário de nascimento do grande Rubem Braga (de quem estou lendo o belo “Retratos Parisienses”). Ou sei lá o porquê... Sei que sinto uma falta danada dos autênticos cronistas – aqueles retratavam apaixonada e singelamente o cotidiano do ‘povão’ brasileiro – nas páginas dos jornais e revistas.

Eram o sal da terra da imprensa nativa.

Além dos supracitados, posso elencar nomes como Paulo Mendes Campos, Nélson Rodrigues, Drummond, Lourenço Diaféria, Raul Drewneek, LM (no Estadão), Plínio Marcos, entre outros tantos e tamanhos que deixaram um vazio enorme nos olhos e coração dos leitores.

IV.

Eram tão verdadeiros em seus relatos que pareciam andar ao nosso lado no bonde, no lotação, na vida.

São infelizmente, esses cronistas, espécie em extinção nas redações. Lamentavelmente...

 
 
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