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Sempre que se fala em precursores da moderna música preta brasileira, citamos Benjor, Simona, Jair “Deixa Isso Pra lá” Rodrigues lá nos primórdios dos anos 60 a fundir samba, bossa, rock, jazz e o que mais pintasse.
Cometemos uma grande injustiça.
Esquecemos o maestro e arranjador Érlon Chaves, fundamental para bagunçar o coreto daqueles idos, com sua ousadia e suingue.
Em fins dos anos 50, gravou a versão do calipso “Matilda” e fez um grande sucesso. Mas, o grande rebu aconteceu no Festival Internacional da Canção, de 1970, quando defendeu a debochada “Eu Quero Mocotó”, de Benjor, ao lado de sua Banda Veneno, incrementada por loiraças que, em meio à performance, o beijavam languidamente.
Para os tempos ditatoriais que vivíamos, capitaneados pelo general presidente Garrastazu Médici, foi uma afronta.
Érlon saiu do palco direto para a delegacia.
Dizem que a carreira do maestro, arranjador, diretor da TV Rio e o escambau nunca mais seria a mesma.
Ele morreu aos 41 anos, de infarto fulminante em 1974.
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Conto essa história a vocês, pois leio nos jornais que, neste sábado, a partir das 22 horas, o cantor e compositor Max Castro apresenta-se no Festival do Copacabana Palace (Copafest), com O Baile em homenagem ao maestro Érlon Chaves.
Uma boa oportunidade para conhecer a obra deste grande músico brasileiro.
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Só um adendo: Max é filho de Wilson Simonal. Ao jornalista Carlos Calado, da Folha de S. Paulo, ele declarou: “Houve racismo, mas também um lado moralista. Certamente, o que detonou (as reações de protesto) foi o fato de aquela ousadia ter partido de um homem negro”. |