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Título: Halloween
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 31/10/2014
 

Darlene resolveu fazer uma surpresa ao namorado, bem mais novo que ela. Naquele 31 de agosto, o “Príncipe” chagaria de viagem após duas semanas de ausência, mais do que sentida. Ui!

Dia de Halloween. Darlene ficou a imaginar coisinhas.

Convém lhes apresentar Darlene ou Darloca ou apenas Lê, a depender da ocasião.

II.

O nome lhe foi dado em homenagem à atriz Darlene Glória que fez grande sucesso nos anos 70 – perdoem a indiscrição – com o filme Toda Nudez Será Castigada, da obra de Nélson Rodrigues.

Pois bem...

Desde o fim do casamento, Darlene (e até então só Darlene ou Dona Dalerne), passou por uma série de transformações. A mais sentida delas realizada pelo hábil bisturi de renomado cirurgião plástico que lhe tomou parte do legado que havia tomado do ex-marido, aquele calhorda do Lúcio, que havia lhe trocado por uma moça bem mais jovem, “uma oportunista”.

Além, da recauchutagem, outra mudança da quarentona foi dar o troco na mesma moeda. Passou a namorar (ou ficar) com rapazes bem mais jovens – e mais inteiros, se é que me entendem – que o maridão que já era – e põe “era” nisso.
Não era exatamente o que sonhara para aquele momento da sua vida. No entanto foi o que se apresentou – e Darlene, Darloca ou Lê não se queixava.

III.

Entrou em depressão no primeiro momento, com o fim do casório. Curou-se logo. Lúcio, aquele calhorda, não merecia suas lágrimas. Os filhos crescidos e algumas amigas na mesma condição lhe abriram os olhos, as portas das baladas e a vontade de recuperar o tempo perdido.

“A Síndrome do Ninho Vazio é implacável”, disse-lhe Ruth, alguns anos mais velha e menos rebocada, na primeira noitada. “Acaba com qualquer casamento de fachada”.

Não preciso dizer, mas digo: Ruth estava a bordo de Rodriguinho, o sobrinho neto da irmã de outra conhecida, a Sueli, que naquele instante se acabava na pista de dança.

IV.

A noite estava apenas começando.

Na sequência, madrugada adentro, Darloca foi apresentada sucessivamente a apetitosos “inhos” – Ricardinho, Felipinho, Andrezinho, Biscuizinho e por foi que, na manhã seguinte, acordou na cama com um deles, mas ainda hoje não é capaz de lembrar qual.

V.

A partir daí, costumava dizer, a vida lhe sorriu – e muitos “inhos’ se passaram. Até que encontrou Tantan, um doce de garoto. O apelido, óbvio, viera porque era instrumentista (tocava o dito cujo) em um grupo de pagode. Também, por outra, o apelido lhe fazia jus pela imprevisibilidade de seus atos.

Firmaram uma relação legal, apesar da diferença de idade.

Nunca mais se separam até que o Príncipe e seus amigos foram excursionar pelo Norte/Nordeste.

Nossa que saudades que os dois sentiram!

VI.

Mas, enfim, os dias se passaram.

E o 31 de outubro chegou com a promessa do reencontro.

Lê (assim que Tantan a chamava) não se fez de rogada. Transformou a sala em uma caverna, tudo à meia luz, com arabescos e enfeites adequados, preparou um jantarzinho bem levizinho e íntimo, e fez o melhor: vestiu-se de “diabinha” – vestidinho vermelho, mais curto que salário em tempo de inflação, um provocante rasgo deixando as frondosas coxas à vista, cinta liga e maquiou-se com esmero e algum exagero.

Tudo perfeito à espera do amado. Que não tardou a chegar.

VII.

Percebeu a chave girar na fechadura.

Era ele!

Certamente era ele! – pensou e correu a esconder-se atrás da cortina.

Como reagiria à cena?

A sala ainda na penumbra, ouviu a voz lhe chamar, com alguma apreensão?

“Lê... Lê... Lê, querida, tenho uma surpresa pra você...”

VIII.

Ela saiu de trás da cortina, no mesmo momento em que ele acendera a luz da sala.

Ambos ficaram embasbacados, sem saber o que dizer.

Frente a frente.

Ela, a diabinha sedutora.

Ele, ao lado da filha dela, do genro e do netinho.

Vieram passar o Halloween juntos (proposta do carinhoso e imprevisível Tantã).

IX.

O silêncio só foi quebrado pela voz e o espanto do pequeno Enzo:

- Vovó!!!???

 
 
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