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Título: Refavela. 40 anos depois...
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 12/09/2017
 

"Os filhos crescem. As sementes se tornam árvores, das árvores vêm os frutos. Obrigado, meu filho." Assim Gilberto Gil, 75, agradeceu aos frutos de uma noite de festa que celebrou a semente plantada há 40 anos, quando ele lançou o disco "Refavela".

Seu filho Bem Gil, 32, reuniu amigos e parentes para homenagear o álbum com um show que estreou nesta sexta (1°), no Circo Voador, no Rio, e que segue agora para São Paulo (7 a 10/9), Salvador (23/9), Belo Horizonte (29/9) e Porto Alegre (10/12). ”

Ilustrada, 11/09/2017

(...)

Olhem o que eu perdi!

Fruto do feriadão, da coisa maluca de ter de viajar e sair de Sampa e do meu total descrédito sobre o que acontece hoje nos palcos e ribaltas que mereça obrigatoriamente ser visto...

Uma pena perder a chance de rever Gil interpretar, mesmo que só na fase final do espetáculo, algumas das lindas canções que compuseram o álbum Refavela, lançado em 1977.

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Participei de uma coletiva de imprensa à época. Lembro Gil, de toquinha de renda branca na cabeça, falar do impacto que havia sentido em recente viagem à África (foi a primeira vez que esteve lá) e a emoção de se ver ali, a reviver laços e costumes de seus antepassados, a vivenciar plenamente o que chamou de negritude.

Sempre com voz pausada, como a de quem acabara de se achar consigo mesmo, Gilberto Gil disse que sentiu algo do gênero dois anos antes quando gravou o espetacular “Gil & Jorge – Ogum, Xangô”, em parceria com Ben Jor (ainda Jorge Bem). Mas, nada se comparou ao estrondo de estar naquele chão, “entre os seus verdadeiramente iguais”. (Desconfio que foi essa a frase.)

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Refavela é o segundo disco de Gil na clássica trilogia que encantou os efervescentes anos 70. Antes, havia gravado Refazenda, onde mergulha em suas raízes baianas, nas sensações da infância, um momento de grande inspiração. Se bem me lembro, foi sua estreia na WEA, depois de ter consolidado toda sua carreira na poderosa Philips.

É um disco de remanso que se contrapôs à dura realidade existencial que vivíamos em pleno período ditatorial.

(...)

Depois veio o choque cultural do dito Refavela.

Ao chegar ao País, o cantor/compositor viu pontos de identificação entre às cidades africanas que visitou e as favelas brasileiras. A mesma alegria, a mesma resistência para enfrentar o caos que a vida lhes oferecia.

O terceiro disco foi o explosivo Realce (‘quanto mais purpurina melhor’) quando Gil, em agosto de 1979, põe os dois pés na word-music sem perder o chão de onde veio e por onde andou...

-- Todo músico brasileiro sonha chegar a Holywood, brincou o cantor na coletiva à Imprensa.

(Tem a entrevista que fiz com ele, nessa data, no site. Procure no ícone “Leia esta canção”. Chama-se ‘A Cintilância de Gil”.)

(...)

A bem da verdade, houve um quarto disco. Refestança, em parceria com Rita Lee. Foi gravado ao vivo – anos 80, já – e um grande desbunde (a palavra estava em voga, então) de dois extraordinários artistas. Que viviam momentos inspiradíssimos de suas carreiras.

Aos vinte e poucos anos, ligadaço na vida artística e cultural da cidade, por força de ofício e paixão, não perdi a um desses lindos shows.

Olaiá...

 
 
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