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Título: Nó na garganta*
Autor: Rodolfo C. Martino - publicado em 08/12/2007
 

* Prefácio do livro-reportagem "Nó na Garganta",
escrito por Leiriane Corrêa, Paloma Minke,
Thiago Oliveira, Thiago Silva
e Verônica Rodrigues, apresentado
hoje, na Universidade Metodista,
como trabalho do conclusão
de curso Jornalismo.


Sobre o tema, deveria haver uma disciplina específica no curso de Jornalismo.

A bem da verdade, é mais do que um tema a inevitável dúvida existencial que, mais cedo ou mais tarde, jornalistas de todos os calibres enfrentam.

Chamem como quiser.

01. De um dilema hamletiano – ser ou não ser jornalista.

02. De o dia em que inevitavelmente teremos que dizer não – mesmo com risco de perder o emprego e voltar à estaca zero.

03. De nó na garganta, por motivos óbvios nome deste livro reportagem...

Ouço essas histórias desde a primeira vez que aportei em uma Redação – outro dia mesmo, março de 1974. Mas, parece que, muito antes disso, velhos profissionais já se queixavam das agruras da profissão. Ora os salários não compatíveis, ora a indiferença dos editores e das chefias, ora a ação da censura, ora a pressão do tempo sempre a comer por uma perna o que entendíamos ser “o melhor” de nossa reportagem.

-- Tem dia que dá vontade de jogar tudo para o alto.

Em quantos fins-de-semana de plantão ouvi essa frase de algum colega mais atarantado, com a barba por fazer e as contas a pagar?

Quantas vezes também não soltei o mesmo desabafo?

No meu caso, quase sempre em função de um anúncio mastodontico que, à última hora, invadia as páginas do noticiário e colocava a perder todo o capricho da diagramação.

De um lado, o repórter a cobrar.

-- Que editor frouxo! Você vai deixar estragarem a matéria que demorei semanas para apurar e escrever?

De outro, o departamento comercial, com seu canto de sereia.

-- Não reclame, não. Isto não é problema, meu caro. É solução. Você não quer manter seu time intacto e com os salários em dia? Então?

Então...

Voar no pescoço do simpático engravatado era a primeira vontade. Replicar à reportagem a explicação – mais do que convincente – que acabara de ouvir, de nada adiantaria. Procurar uma solução, àquela hora da madrugada que adequasse os dois interesses, era em palavras mais objetivas: refazer o jornal todo, no mais adiantado da hora.

Impossível?
Talvez. Mas, nunca um jornal deixou de sair por falta de uma decisão – certa ou errada, mas uma decisão que, por vezes, nos custava a alma.

Vida que segue, pois.

Este é só um exemplo modestíssimo. Há outros e tantos mais significativos. Alguns estão recolhidas nesta coletânea de belas histórias, exemplarmente capturadas pelos futuros jornalistas Leiriane, Paloma, Thiago Maia, Thiago Silva e Verônica.

Vale a pena conhecer como profissionais, como J.B. Natale, Clóvis Rossi, Carlos Brickmann, Rodolfo Konder e outros, desataram esses nós e continuaram a escrever consistentes páginas da História do Jornalismo Brasileiro, com coragem e percepção.

Para os meus queridos orientandos, espero tenha sido a aula derradeira, valiosa – e que não constava do currículo.

Foi uma honra participar deste projeto...

 
 
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