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Não muda nada, mas pode mudar tudo no universo paulista das letrinhas impressas e diárias.
O empresário J. Hawilla anunciou ontem a compra do Diário de S. Paulo que, até então, pertencia às Organizações Globo.
Aos desavisados navegantes, um adendo.
Hawilla é o dono da Traffic, uma das mais importantes empresas de marketing e eventos esportivos do Planeta. Fez carreira como repórter de campo da Rádio Bandeirantes e da Rádio Globo, de onde foi demitido em 79 por aderir a malsucedida Greve dos Jornalistas. Hoje, aos 65 anos, seus negócios vão muito além das esferas esportivas. Possui a rede de jornais Bom Dia que circula em 100 cidades do interior paulista e uma afiliada da Rede Globo em São José do Rio Preto, sua cidade natal.
Ou seja, o homem é um Midas dos tempos modernos.
Em 30 anos construiu um império.
Outro adendo.
Há cerca de sete anos, a Globo comprou o Diário Popular, do ex-governador Orestes Quércia, com interesse em estabelecer em São Paulo outro braço impresso do maior conglomerado de comunicações do País.
A primeira medida da Família Marinha foi trocar o nome do jornal.
De Diário Popular passou a se chamar Diário de S. Paulo.
Até porque esta era denominação do matutino de Assis Chateaubriand na cidade.
Jornal que desapareceu em meados dos anos 70, quando o Império Chatô (leia-se Diários e Emissoras Associados) entrou em crise, que culminou inclusive com a falência da TV Tupi, primeira emissora de TV do País.
Nunca ficou claro o objetivo da mudança do nome.
Há quem diga que a Globo quis tirar o ranço popularesco do jornal, cuja linha editorial se apoiava nos noticiários esportivo e policial. Com isso, pretendia atrair novos e mais requintados anunciantes.
O Diário Popular era chamado o Rei das Bancas. Tinha poucos assinantes e a força comercial residia nos pequenos classificados de empregos, automóveis e demais anúncios econômicos.
Mesmo com toda tradição e história , o DiPo já não rivalizava em prestígio e negócios com os dois ‘medalhões’ da imprensa paulistana: O Estado de S. Paulo e a Folha de S. Paulo.
A Globo queria fatiar esse bolo em três.
Não conseguiu, e tocou a bola para frente.
Por isso, comecei o texto dizendo que não muda nada.
O objetivo de J. Havilla será o mesmo. Abocanhar parte dos anunciantes de peso e do, digamos, poder político e midiático da Folha e de O Estado.
E é exatamente neste ponto que tudo pode mudar.
Hawilla não vai administrar o jornal do Rio de Janeiro, como faziam os antigos proprietários. Conhece bem a cena política paulistana e, principalmente, ele acredita no futuro do jornal impresso.
Ou seja, faz toda a diferença.
* FOTO NO BLOG: Jô Rabelo |