Uma breve história da tradição hinduísta para a gente recomeçar (ou começar pra valer!) o ano:

Dizia-se um santo homem. Que cumpria todos os compromissos religiosos, era obediente a Deus e aos seus ensinamentos – e gabava-se da fé inabalável que trazia em seu coração.

Certa tarde, ao atravessar uma viela, ouviu os alaridos desesperados de outros homens que corriam em direção contrária a ele, alertando a população de um estouro de uma manada de elefantes – e que todos deveriam fugir ou procurar abrigo, pois os animais enfurecidos vinham naquela direção.

O homem que se dizia santo continuou seu caminhar despreocupado.

-- Homens de pouca fé – disse de si para si. Por que hei de me desesperar. Tenho a minha fé, sei que o Senhor não deixará que nada me aconteça.

Pois sim...

Logo os animais irromperam pela aldeia, não deixando pedra sobre pedra.

Nosso personagem viu o primeiro elefante vir em sua direção – e desviar a poucos metros.

Sorriu confiante.

-- Nada me acontecerá. Sou um homem de fé.

Momentos depois escapou de um segundo animal sem sequer mover-se.

Milagre?

-- Que milagre, que nada! Sou um homem de fé. Deus não me faltará.

Ledo engano.

Foi atropelado, pisoteado pelo terceiro elefante.

Os anjos receberam sua alma nos céus.

Ele estava indignado.

Fora a única vítima de toda a aldeia. Justo ele o mais abnegado, o mais religioso de todos os habitantes do lugar. Deus não o poupara.

Quis saber a justiça de tal fato.

Os anjos lhe responderam:

-- Queríamos salva-lo. Mas, você nada fez. Deus estava pronto a lhe ajudar – enviou os homens alertando sobre o perigo. Depois nos enviou para evitar o pior e desviar os animais. Mas, você omitiu-se. Não ajudou Deus a lhe ajudar.

Preferiu morrer ingloriamente.