Não preciso dizer, mas digo.

O amigo fanfarrão nunca mais deu às caras.

Mesmo assim, creiam, não aprendi a lição.

Alguns anos depois, fiz uma viagem para Foz do Iguaçu – e, como de praxe, resolvi presentear toda a família com pequenos mimos. O resultado do meu passeio pelas lojas de Ciudad de Lest não foi de todo ruim. 80 por cento de aproveitamento, digamos assim.

Registre-se que o frasco do perfume que comprei para a mana Doroti chegou vazio.

(Pode ter evaporado na viagem, mas o mais provável é que tenha caído em mais um conto.)

Além do que, a caneta – toda rococó – que presenteei meu pai, no dia de seu aniversário, desmantelou-se aos primeiros rabiscos, assim que ele tentou experimentá-la.

Dos males, o menor, disse o Velho Aldo na noite daquele inesquecível 8 de maio.

Bem humorado, o pai se pôs a contar os próprios vacilos.

Primeiro, ele comprou – em módicas 60 prestações mensais; ou seja, durante cinco anos – um terreno em Iguape que, só depois veio a saber, situava-se dentro do mar. Eu mesmo, quando jovem, visitei o cartório da cidade para tirar a limpo essa pendenga. Lá, me informaram que, alem do meu pai, outras cinco pessoas reclamavam a posse da mesma e inexistente propriedade.

Outro momento de ‘glorioso’ conto do vigário, foi a compra de um apartamento na Praia Grande, onde o pai esperava encerrar seus dias após mais de 40 anos de trabalho. O tal do corretor veio à nossa casa, pegou o sinal de entrada (em torno de 2 mil reais, se tanto) e deixou um recibo assinado em papel de pão.

Era garoto – e desconfiei da malandragem do homem. Mas, o pai foi austero no comentário:

-- Criança não deve se meter em negócios de gente grande.

Quando eu o lembrei deste detalhe, ele desconversou – e pôs a cantarolar um velho samba do Ataulfo Alves:

Laranja madura
Na beira da estrada
Ta bichada, Zé
Ou tem marimbondo no pé


* NOTA DO BLOGUEIRO: Antes de encerrar quero deixar claro que os posts de ontem e de hoje não foram inspirados em nenhuma camareira de hotel de olho grande na minha provável candidatura a síndico do prédio onde moro...