Quando terminaram de compor “Malandragem”, os autores Frejat e Cazuza logo imaginaram a polêmica Ângela Ro Ro como a intérprete adequada para a sacudida balada, de versos irreverentes:

“Quem sabe eu ainda sou uma garotinha
Esperando o ônibus da escola. Sozinha...”

Encaminharam, então, a fita gravada para a cantora – e, ansiosos, esperaram pela a boa nova de quando seria o lançamento.

Quase dois anos e tanto depois, eis que Cássia Eller telefona para pedir uma “inédita” de autoria da dupla. Estava fechando o repertório de novo disco, e queria incluir uma obra dos amigos compositores.

As agendas de Frejat e Cazuza estavam lotadas de apresentações e gravações. Àquela altura, ambos desenvolviam carreiras distintas. Frejat, com o Barão Vermelho. Cazuza voava em temporadas solo.

No meio da conversa de como atender ao pedido da amiga, alguém lembrou “Malandragem”, que eles sequer sabiam se havia chegado ou não às mãos de Ângela.

Mesmo constrangidos – e sem saber direito como conduzir a questão – telefonaram para a cantora que estranhou e não entendeu a razão de tantos rodeios. Era óbvia a intenção dos dois na conversa.

Queriam saber se ela gravaria ou não “Malandragem”.

Despachada que só, Ângela não contemporizou. Achara a música bobinha, com uma letra que não tinha nada a ver com ela, com sua história de vida. Se quisessem, poderiam entregar a canção a outro intérprete, pois estava fora de seus planos gravá-la.

Entre artudidos e aliviados, Frejat e Cazuza passaram a música para Cássia.

E, o resto da história, todos sabemos...

Curioso – diz Frejat – é que, nos shows que hoje realiza, Ângela Ro Ro faz questão de incluir “Malandragem”, com leitura bastante orginal.

É uma das canções que o público mais aplaude e há inclusive quem até se surpreenda, e diga:

Parece que foi feita de encomenda para ela.