Um grande equívoco.
O depoimento de Roberto Carlos ao Fantástico na noite de domingo. A chamada para a grande atraçăo ressaltava que o Rei mudara de opiniăo sobre a publicaçăo das biografias năo-autorizadas. Ao longo da entrevista – onde se vę a repórter e apresentadora Renata Vasconcelos – subserviente ŕ fala do cantor – Roberto faz que vai mas năo vai. Tenta amenizar a polęmica. Diz que aceita conversar sobre o assunto. Mas, no fim da entrevista, deixa claro o que pensa:
“O biógrafo pesquisa uma história que está feita pelo biografado. Ele năo cria a história, narra aquela história que năo é dele, que é do biografado, mas a partir de quando escreve, ele passa a ser dono daquela história. Isso năo é certo.”
A repórter agradeceu.
A democracia lamentou...
II.
Um grande acerto.
A entrevista do historiador e biógrafo Paulo César Araújo ao programa Roda Viva, ontem, na TV Cultura. O autor da proibida “Roberto Carlos em Detalhes” e “Eu Năo Sou Cachorro, Năo” foi sabatinado por jornalistas sobre a queda de braço entre escritores e editores de um lado e os artistas signatários da ONG ‘Procure Saber’ de outro. Araújo mostrou equilíbrio e sensatez ao comentar o tema em questăo durante hora e tanto de debate.
Alberto Dines, um dos entrevistadores, foi mais contundente em sua avaliaçăo. Ele espanta-se com a posiçăo de intérpretes e compositores, como Gil, Caetano e Chico, que lutaram contra a censura no período ditatorial. Prefere nem levar em consideraçăo o que diz Roberto Carlos, “ele é apenas um cantor”.
“Quem é Roberto Carlos para capitanear nossa cultura?”
Para o jornalista, esse assunto extrapola a vaidade de alguns artistas e seus interesses. Dado ŕ sua relevância, pőe em risco valores importantes da nossa sociedade – é um retrocesso.
"Estamos tratando de uma ameaça séria ŕ cultura brasileira e ŕ democracia" |