Volto de viagem.

No meio do comboio sem fim que se tornou a fila de carros que engole a estrada na volta do feriadão, rumino a tristeza pela morte do jornalista Luciano do Valle.

Vai para o panteão onde figuram Sérgio Blaklanos, Fiori, Mauro Pinheiro, Pedro Luiz, Mário Moraes, Raul Tabajara, Walter Abrahão entre outros nomes da crônica esportiva – minhas referências para todo o sempre.

Considero Luciano o mais importante nome do telejornalismo esportivo no Brasil.

Foi um desbravador – o primeiro a conceber e explorar o potencial de diversas modalidades esportivas para televisão que só cobria futebol e, vez ou outra, alguns jogos de basquete.

Seu domingo esportivo que por anos e anos movimentou a programação da TV Bandeirantes é ainda hoje um marco na história da TV brasileira. Muitos da nova safra de bons jornalistas esportivos decidiram seu futuro profissional quando ainda eram adolescentes e assistiam às atrações que Luciano e sua turma exibiam na tela.

O legado de Luciano vai além da narração das competições e apresentação de programas. Modalidades esportivas como o vôlei, o basquete feminino, o boxe e mesmo o brilhareco do futebol feminino só ganharam popularidade a partir da coragem e iniciativa jornalista que se fez empresário – e de sucesso!

Se hoje alguns desses esportes não mostram a mesma força, podem colocar na conta da inépcia das federações e dos dirigentes; mas, também e principalmente, na ausência de visionários como Luciano do Valle na TV aberta.

Fim da minha viagem...

Chego em casa a tempo de ver o comentarista Neto (que trabalhava na Band) dizer, em um telejornal, que é muito injusta a realização de uma Copa no Mundo no Brasil sem o amigo Luciano do Valle.

Hoje, no trabalho, alguém me conta que o narrador Nivaldo Prieto (amigo e uma espécie de número 2 de Luciano na Band) não conseguiu conter o choro na transmissão da partida Botafogo e São Paulo.

Eu também choraria...