(Continuando a conversa de ontem...)
Estou para lhes dizer, amigos leitores, que quem ouviu as explicações do pai para amainar a decepção do garoto também se entristeceu em solidariedade ao justo desejo de João Pedro, a quem, a bem da verdade, sequer conheciam.
Não há nada mais triste do que ver uma criança triste,
Felizmente durou pouco esse “climão” e o silêncio.
Ouviu-se um grito – e logo em seguida se deu o alvoroço, todos correram em direção ao píer.
- Olha eles lá, próximos aos barcos.
Eles quem, cara pálida? – ainda respondi em meio à muvuca.
- Os golfinhos, ora... – alguém respondeu.
Lá estavam dois bichões, taludos, de dorso escuro, dando voltas e piruetas ao redor das embarcações ancoradas. Pareciam gostar de exibirem-se aos olhos do pequeno grupo de turistas.
Rapidamente, o pai-herói colocou João Pedro nos ombros para que ele acompanhasse o inesperado espetáculo que durou alguns minutos e muitos “óóóóós” até que os dois caíssem fora, mar adentro.
- Tá vendo, filho, tá vendo? Os golfinhos vieram lhe ver – dizia o pai mais do que feliz.
João Pedro ria como se acabara de viver um conto fantástico. Acreditava piamente que fora ele o motivo daquela inesperada visita e de tantas peripécias.
Também nos sentimos agraciados com o show que acabávamos de assistir. Os moradores do lugar comentavam que, vez em quando, quando em vez, os ‘pimpões’ aparecem por ali e “é uma farra”.
- Põe farra nisso – comemorou o pai do garoto.
Na verdade, comemorávamos todos. Até porque, naqueles precisos instantes, de alguma forma, todos nós, independente de idade, revivemos gloriosamente o menino sonhador que um dia fomos. |