Leio na Folha de hoje – e me espanto.

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O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski defendeu que os juízes do país não tenham vergonha de reivindicar reajustes salariais, ao discursar na abertura do encontro nacional dos magistrados estaduais na noite desta quinta-feira (3) em Porto Seguro (BA).

Ao falar sobre as perdas salariais dos juízes, o ministro do STF disse que "não há vergonha nenhuma nisso, porque os juízes, no fundo, são trabalhadores como outros quaisquer, e têm seus vencimentos corroídos pela inflação".

"Condomínio aumenta, IPTU aumenta, a escola aumenta, a gasolina aumenta, o supermercado aumenta, e o salário do juiz não aumenta? E reivindicar é feio? É antissocial isso? Absolutamente, não."

Após aplausos, o ministro completou: "para que possamos prestar um serviço digno, é preciso que tenhamos condições de trabalho dignas e vencimentos condizentes com o valor do serviço que prestamos para a sociedade brasileira".

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Talvez não devesse me surpreender com a ciosa declaração de tão eminente jurista. E os incontidos aplausos que recebeu de seus pares.

O Brazil não conhece o Brasil, já bem diz o verso de Aldir Blanc para a deliciosa canção de João Bosco.

De alguma forma, involuntariamente me ocorre agora a perplexidade que deve acometer alguns desses senhores que almejavam a aprovação da chamada desaposentação que, dias atrás, foi rechaçada pelo próprio STF como algo ímprobo, não meritório, que, se aprovado fosse, arruinaria definitivamente as já combalidas finanças do País.

Peço a devida vênia e o perdão aos magnânimos senhores da Lei, mas permito-me imaginar o grau de indignação dos acima de 60 e que continuam na lida para salvar as sofridas contas do mês diante deste arroubo discursivo.

Uma coisa é uma coisa. Outra coisa etc etc etc.

Alguém há de me lembrar – e até lhe dou razão.

Mas, curto e grosso, talvez fosse o lugar adequado, mas não era hora...