- E aí meu querido? Quais as boas?
- Alô? Opa! É você?
- Marceleza, o próprio, inigualável, inconfundível...
- Quem é vivo sempre aparece...
- Ou telefona, mermão...
- Pois é. Bom ouvi-lo. Estou com um pouco de pressa...
- Já sei, já sei. Trabalhou muito. Não jantou. Coisas da paulista.
- Pois é, por aí. Ainda nem postei o texto de hoje.
- Entendo, entendo. Só preciso de uma ajudazinha.
- Sem problemas. Diga...
- Quais as boas?
- Não entendi. As boas? Quais?
- Eu que lhe pergunto, parceiro...
- Não tem boa, cara. Entrei às 7h30 no trabalho, saí agorinha...
- Não estou falando disso. Só quero saber quais as boas. Você está sempre com elas...
- Eu? Com as boas?
- Sem malícia mesmo. Vou explicar.
- Explique mesmo...
- Seguinte: preciso de uma boa notícia.
- Todos precisamos. É só ler os jornais. Porrada em cima de porrada. Ninguém agüenta.
- Cara, arrego hein! Hoje está difícil...
- É foi um dia atrapalhado mesmo. Imagine você que...
- Não imagino nada. Na boa. Preciso de uma boa notícia porque vou estrear uma coluna numa revista badalada aqui de “nonvisguçu’...
- Não entendi. De onde?
- Nova Iguaçu. O telefone está com chiado...
- Ah...
- Então preciso de uma boa notícia para começar bem e cativar meus fiéis leitores.
- É ruim, hein.
- O meu querido! Não me deixe na mão. Somos amigos.
- Amigos mesmo. Só que estou a zero. Eu disse nem postar postei...
- Que é isso cara? Tanta coisa acontecendo...
- Talvez seja isso. Tanta coisa acontecendo. Escreve sobre o mensalão.
- Escreve você. Quero ganhar os leitores. Não estragar o humor dele...
- Você gosta de futebol porque não tenta.
- Um a mais pra dizer abobrinha. Só quando o meu Flu estrear na Libertadores. Quer dizer, estrear não. Ganhar a Libertadores...
- Pegou pesado com a crônica esportiva, hein, Marceleza?
- Tenho razão ou não tenho?
- Tem e não tem. Nem só de Galvão vive o jornalismo esportivo. Agora, Flu campeão da Libertadoes... Não sei não. Acho que você vai sem escrever sobre futebol eternamente...
- Não zoa, não zoa... A esperança é a última...
- Que clichê, cara...
- Ah! Por falar em clichê, lugar comum, essas bobagens, acho que ia bem uma história assim romanceada dessas para emocionar as pessoas, sabe como?
- Talvez. Escrevi uma bobagem dessas ontem. Ta no blog.
- Posso?
- Dá um recorta e cola. E fala que é sua...
- Ô, parceiro, fiquei até sem graça. Posso...
- Claro, parceiro...
- Beleza. Então, se é assim, vou ser parceiro também. Pega a nossa conversa, transcreve, bota no blog e fala que é sua. Uma mão lava a outra, amigo.
-- Valeu.
-- Não tem de quê. Tchau. |