Sign up with your email address to be the first to know about new products, VIP offers, blog features & more.

Crônicas de Viagens – Cannes

Posted on

Fotos: Arquivo Pessoal

37  – A placa e a saudade do Brasil

“O melhor lugar do mundo é aqui e agora.”

Chama a minha atenção a frase, pinçada dos versos da dolente Aqui e Agora, de Gilberto Gil, a ornamentar a porta de aço de uma pequena loja em uma das ruas centrais da área antiga de CANNES.

Sei lá o que vende ali, pois o estabelecimento está fechado nesta manhã de domingo.

Estico os olhos e, mais acima, dou conta da placa que anuncia o nome do comércio.

Está grafado Borboleta em letras ovaladas e bonitas.

Não sei explicar o porquê.

Leio também um tanto de saudade estampada nessa curiosa fachada que se completa com a imagem de uma bela mulher ao sol, de óculos escuros e lábios carmins.

Intuo que brasileiro(s) deva(m) ser o(s) proprietário(s).

Não me passa pela cabeça outra possibilidade, e logo a seguir me ponho a imaginar como viveria um patrício nessas paragens distantes.

Como lidaria com o frio desta época do ano?

E com o provincianismo do lugar?

(No fundo, Cannes e todas as pequenas cidades francesas da Cotê d’Azur não passam de charmosos balneários – uns mais, outros menos. E não há qualquer demérito nisso.)

Como deve ser falar e pensar em francês?

Será que vai à praia (sempre modestas; algumas com pedregulhos no lugar de areia) ou prefere andar pelo calçadão da orla de prédios classudos e vista para o Mediterrâneo sem fim?

Aliás, sempre que viajo esta questão me é recorrente.

Como seria se eu aqui vivesse?

Há sempre um olhar generoso para os usos e costumes do lugar.

Sobra-me a sensação de que não precisaria de tantas coisas para ser feliz ali.

Bastar-me-ia o essencial, imagino:

Um bom lugar para morar, e alguns trocados para comer, vestir e, vez ou outra, viajar para outros recantos. Afinal, na Europa, tudo é tão pertinho. Viajar de trem é bem legal.

As estradas são boas…

Justificativas não faltam para ficar.

Faltam a grana, um bom naco de desprendimento e, principalmente, o medo danado de acordar com uma baita saudade do Brasil que, apesar de todos os pesares, continua fazendo jus aos versos do baiano Gil:

“O melhor lugar do mundo é aqui e agora.”

* Publicado originalmente em 31/01/2013

Ainda nenhum comentário.

O que você acha?

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *