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Sonhos e memórias

Pela manhã valeu a visita de um amigo de longa data e poucos encontros. Foi apenas uma passada rápida pela Redação, tempo suficiente para o café sem açúcar e uma série de constatações igualmente amargas.

Aonde veio dar esse nosso País?

Somos da geração que ousou sonhar com o fim da ditadura e, acreditávamos, que todo o mal fardava-se de verde oliva. Hoje, entendemos que não é bem assim. Era mais fácil detectarmos quem entendíamos como obstáculos às nossas idéias e ideais. Brigávamos, mesmo que desajeitadamente e à nossa maneira, por um Brasil de todos os brasileiros. Justiça social, eleições diretas em todos os níveis e um país soberano a gerir seu grande destino — era por essa rota que caminhávamos com a certeza de que semearíamos uma Nação contemporânea, justa e igualitária.

É companheiro, sabemos hoje que não é bem assim. A vida, como naquela dolente canção dos Beatles, é uma longa e sinuosa estrada. E logo na quebrada da primeira curva alguns dos chamados baluartes da democracia mostraram a que vieram. Aboletaram-se no Poder, vestiram a carapuça daqueles a quem combatiam, fecharam alianças espúrias com os que serviram aos generais-presidentes e entregaram o País ao bel-prazer do capital estrangeiro. Falam em globalização, em estar conectados com o Planeta e o que temos ao redor, como resultado mais concreto, é o caos das grandes cidades, a disseminação da miséria, a violência das ruas…

O medo do nada, o medo de tudo…

Segure essa onda, amigo. Quer saber: este canto do mundo chamado São Paulo/Brasil ainda precisa muito de gente como você. Que acredita no ser humano. Que sonha e ama e luta. Lutemos, pois. Apesar de todos os contratempos, de todas as desilusões, ainda somos os privilegiados que têm condições de mudar o placar do jogo da vida.

Gente é para brilhar, não para morrer de fome, de tédio. De susto, de bala ou vício…

* Nem sempre gosto de ler velhos textos que escrevi. Parece que leio outro autor. Verdade. A quantas andava no outono de 1999 quando o texto acima foi publicado? Trabalhava em jornal, começava minha carreira aqui na Universidade e me preparava para fazer um mestrado em Comunicação Social. Tinha 48 anos e alguma esperança. Eu era igual, mas diferente.

Estranho hoje não lembrar o amigo que me visitou.

Quem era, o que conversamos, por que escrevi o quê escrevi?

Será que ele leu?

Se fosse nos dias atuais, o amigo no mínimo me enviaria um email. Diria se concordou com as minha divagações ou não. No mínimo, chegaria um "olá", via celular.

Como eu, o mundo é igual, mas diferente.

Mas, querem saber, mais estranho ainda é sentir o tempo a nos escapar pelos vãos dos dedos, assim como finos grãos de areia, que cintilam sonhos e memórias…

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