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Erasmo (5)

Que Erasmo seria artista, ele próprio não tinha mais dúvidas.

O pessoal do Clube do Rock gostava dele – e de suas versões.

O amigo Tim Maia até já lhe ensinara os três acordes básicos para arranhar um roquizinho básico ao violão.

Enfim, era a vida que pediu a Deus.

Só uma dúvida lhe atormentava.

Agora que o chefão do programa, Carlos Imperial, lhe garantira a oportunidade, não sabia que nome adotaria.

Erasmo Esteves, nem pensar.

Lá esse era nome de roqueiro com fama de mau.

O amigo de fé, irmão, camarada Roberto Carlos já despontava com algum sucesso.

Era o mais popular da turma.

Alguém comentou que Carlos era nome de rei; tinha lá seus poderes.

Erasmo fez a associação dos nomes – e gostou.

Erasmo Carlos.

Na turma já havia dois Carlos. O Imperial e o Roberto.

Um a mais, um a menos, pensou o futuro Tremendão, não muda nada.

Mas, pode soar legal.

II.

Correu contar a novidade para o todo poderoso Imperial. Que, a bem da verdade, não estava nem aí para o nome que seu secretário grandalhão passaria a usar agora que se disporia a iniciar a carreira de cantor, mesmo com um fio de voz.

Pode ser.

Foi mais ou menos assim que Imperial recebeu a notícia.

Quem estranhou a notícia foi o próprio Roberto.

Cismou que poderia haver confusão.
Em resumo, não gostou.

Tentou até dissuadir Erasmo que ficou de pensar no assunto.

Mas, no fundo, já havia tomado a decisão.

Seria Erasmo Carlos – e ponto.

Assim começaria sua nova e definitiva vida…

Enfim, seria um artista, como sempre sonhou.

III.

Tinha certeza que batalharia muito pelo sucesso – e, confiava desconfiando, até levava jeito para coisa.

É bem provável que, por esses dias, antes de gravar “Terror dos Namorados” pela RGE, tenha lembrado do amigo de infância, o Tião da Marmita – apelido de Tim Maia – que andava distante, lá nos States, aprontando sabe-se lá o quê…

A única notícia que tinha do amigo veio em um cartão postal, alguns meses atrás.

Não dizia lá grande coisa.

Aquela coisa de sempre. Dizia que estava tudo bem, e desejava que todos estivessem bem por aqui.

Tim não era de muitas palavras.

Amava a música. E certamente a música popular seria o mote de vida de ambos.

Por isso, Tim no cartão o chamou de Erasmo Gilberto.

E, ainda apaixonado pela bossa-nova, assinou:

Tim Jobim.

PS. Encerro hoje a série de posts/homenagem a Erasmo Carlos, recomendando a belíssima entrevista que o Tremendão deu, neste mês, à Revista Trip.

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