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Corra, malandro, corra

Hoje é um dia daqueles, camarada.

Um dia de decisão.

Quem avisa…

O vacilão que não percebeu o rigor do que representa o dia de amanhã e bobear na aquisição do presente da amada, corre o risco de dançar.

Está no pau da goiaba, como diz o amigo Marceleza, sempre enigmático.

(Corra, malandro, corra. Que os shoppings ainda estão abertos.)

Queiramos ou não, são em datas assim, como o Dia dos Namorados, que as princesas aproveitam para tomar a exata temperatura de como anda o romance.

Por mais que as moças disfarcem, digam que relevam, que tais efemérides tenham unicamente propósitos comerciais, vá por mim – elas não perdoam, campeão.

Terá vida curta o gajo que não cumprir o que manda o figurino.

Eu sei o quê elazinha diz. Vale a sua presença. Um jantarzinho à luz de velas. O aconchego de uma noite que se promete inesquecível.

Mas, veja bem meu rapaz, haverá um momento que será inevitável. Mesmo que nada diga, os olhinhos dela irão cobrar:

— Cadê, o meu presente?

Aí, compadre, não há promessa que se sustente ou improviso que ajeite o sem jeito.

Cuidado para não ouvir a célebre frase:

— A fila anda…

É, meu caro, a vida anda muito competitiva.

Ela pode até fazer de contar de que está tudo bem.

Porém, mais cedo do que você imagina, virá o implacável veredito:

— Precisamos discutir a relação…

Ainda ontem ouvi, no rádio do carro, o depoimento de uma moça que, em um Dia dos Namorados, ganhou de presente uma blusa de lã felpuda, branca com manchas escuras. Um acinte ao bom gosto. Um esculacho…

O rapaz, crente que estava agradando, não se fez de rogado:

— Paguei um dinheirão.

Ele a obrigou a experimentar a peça.

Ela sentiu-se um dos 101 dálmatas.

No dia seguinte, ao arrepio, decidiu sua vida.

Deu a blusa para a mãe (“minha mãe só não quer passar frio”) e atirou o namorado (quer dizer o ex) no olho da rua. Com razão, diga-se.

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