Minha cara,
pra que tantos planos.
Só quero te amar
e amar e amar
muitos anos.
Os versos do médico, cantor e compositor Dalto estão de volta na trilha da novela, nos ouvidos e na boca das novas gerações e no estilhaçar das almas de quem os curtiu lá pelo início dos anos 80.
Ou seria o fim dos 70?
Não lembro, não faz diferença.
São atuais.
Mais até.
Irrepreensíveis para este 12 de junho.
Há que se merecê-los.
Feliz de quem puder cantá-los, com sinceridade.
Melhor.
Mais feliz ainda quem souber ouvi-los e agradecê-los.
II.
Outro cantor/compositor – um tantinho mais famoso –, Caetano, Veloso tem um verso não tão famoso, perdido em sua notável obra, que também se encaixa belamente a esta data.
Está na dolente “Nu Com a Minha Música”.
Diz:
“Coragem grande é poder dizer sim”
Quem se atreve?
III.
Meu amigo, o jornalista Jairo Marques, aliás, tratou com requinte o Dia dos Namorados na coluna que escreve quinzenalmente, às terças-feiras, na Folha de S. Paulo – e tascou uma dedução primorosa:
“Quem não tem quem namorar, namora o mundo”.
Poeticamente otimista.
Uma doce forma de espera.
IV.
No romance A Casa do Poeta Trágico, de Carlos Heitor Cony, o casal de protagonistas tem um jeito semelhante de se dizerem apaixonados.
A enigmática Mona tenta convencer ao publicitário Augusto Richet, bem mais velho que ela, a seguirem juntos e faz a célebre pergunta:
“Por que você não me conta a história do mundo?”
É uma das narrativas de amor mais bonita que conheço.
Um tanto conflituosa para hoje, mas sempre admirável.
V.
Mas, o tom do meu domingo veio mesmo com a publicação de mais um fascículo dos Cadernos de Literatura Brasileira, do Instituto Moreira Salles. Desta feita, dedicado ao nosso maior cronista, Rubem Braga.
Traz inclusive uma crônica inédita. Chama-se "Terraço", com tocante autorretrato do autor:
“Sou um homem quieto, o que eu gosto mesmo é ficar num banco sentado, entre moitas, calado, anoitecendo devagar, meio triste, lembrando umas coisas, umas coisas que nem valia a pena lembrar”.