Impossível não lembrar o saudoso amigo Ismael Fernandes ao ver as chamadas do remake de O Astro que a Globo vem exibindo.
Historiador e jornalista, Ismael era apaixonado por telenovela – escreveu o pioneiro Memórias da Telenovela Brasileira, obra de referência para todos os estudantes de Rádio e TV –, em especial pelas que traziam a assinatura de Janete
Clair, como O Astro.
Não sei bem o porquê, mas creio que Ismael aprovaria em gênero, número e grau a escolha de Rodrigo Lombardi para o papel de Herculano Quintanilha, defendido por Francisco Cuoco na versão original (entre dezembro de 1977 e julho de 1978).
Para Ismael, o papel foi mesmo escrito para Cuoco, embasado em outro personagem marcante da teledramaturgia brasileira, o Carlâo, de Pecado Capital (novembro de 1975 a julho de 1976).
Um tanto canalha, outro tanto sedutor, Herculano Quintanilha tem uma meteórica ascenção social. De guru de churrascaria a mentor de poderoso grupo empresarial, o personagem envolve-se em mil peripécias e amores, de grande empatia com os espectadores.
Mas, o ápice da novela e de comoção popular se deu com o misterioso assassinato de Salomão Hayala (magistralmente interpretado por Dionísio Azevedo). Durante cinco meses o Brasil em vão tentou responder a inquietante dúvida:
“Quem matou Salomão Hayala?”
Desconfio que foi a primeira vez que um crime alavancou a audiência de novela.
Hoje, esse recurso virou moda.
Vou lhes confessar que, à época, fizemos até um bolão na redação para ver quem acertava o nome do enigmático assassino.
Ninguém ganhou.
Nem o Ismael, o melhor de todos nós.