Chamavam-me de Tchinim, e era um garoto quando acompanhei pelo rádio os jogos de Santos e Peñarol pela Taça Libertadores da América de 1962.
Lembro que todos que estavam ao redor torciam pelo Santos, de Pelé, Coutinho e Cia.
Nossa concepção era de que se enfrentavam Brasil e Uruguai e, a bem da verdade, os mais velhos ainda não haviam se recuperado das sequelas de 1950.
Por ter Pelé e um futebol envolvente – e, aos meus olhos, inigualável – o Santos era um equipe simpática a todos os brasileiros.
Além do que, aquele uniforme branco era mesmo um charme.
(Não havia essa hedionda e necessária publicidade)
Não foram poucas as vezes que o Santos lotou o Maracanã ao jogar contra times estrangeiros.
II.
Convém destacar que essa simpatia, digamos, se estendia a todos que enfrentavam equipes de fora do País ou mesmo do Estado. Sempre torcíamos pelos clubes que a chamada crônica esportiva chamavam de “co-irmãos”.
Havia até um torneio interestadual de seleções. Ao menos uma vez por ano, reuniam-se jogadores do Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Portuguesa e dos demais clubes da Federação Paulista de Futebol para representar o Estado de São Paulo.
Era um torneio divertido que abria a temporada festivamente.
III.
No caso específico daquela memorável final entre Santos de Pelé, nós, palmeirenses, tínhamos um motivo a mais para torcer pelos brasileiros. No ano anterior, 1961, o Verdão foi o primeiro brasileiro a ser finalista de uma Taça Libertadores. Enfrentou justamente o clube uruguaio. Perdeu de 1×0 no Estádio Centenário e empatou no Pacaembu em 1×1.
O pai ficou furioso com o que chamou de “pixotada” de Djalma Santos, a quem ele culpava pelo gol de empate. Mas, para abrandar a eventual tristeza do filho caçula, não teve dúvidas em sorrir e disfarçar:
— Tchinim, essa Taça Libertadores não vale nada.
Pois é, os tempos mudaram…