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O tímido

Era um tímido, desses contumazes.

Mesmo assim – e talvez por isso, gostava-se de se imaginar o último dos românticos.

Poético e patético,

místico e misterioso,

um sonhador enfim…

II.

Viu a moça a alguns metros de distância, tão ao seu alcance, tão real. Dava para sentir o perfume.

— Ela é tão bonita, pensou.

III.

Sonhador, eu disse.

Por isso, logo vislumbrou os novos e sinceros rumos que se abririam ao seu pacato e (até aqui) triste caminhar.

IV.

Místico e misterioso, como lhes falei.

— Ela é tão bonita, suspirou.

Então, percebeu o quanto de luz contemplaria o nebuloso cenário dos seus dias e horas iguais.

Seria mágico, pleno.

V.

Romântico que só, ele se pôs a ouvir os sons e as canções que, à sua alma, inspirariam o acordar todas as manhãs ao lado da moça que era tão bonita, tão bonita, tão, tão…

VI.

De repente, não mais que de repente, intuiu que estava indo longe demais no seu pensar.

Tinha uma tendência a imaginar coisas.

Naquele momento, meus caros, paralisaram-se os passos que daria em direção a ela. E, sem mesmo ousar lançar um novo olhar à moça , achou por bem pensar e repensar o tudo ou o nada que poderia ser, mas nunca seria.

VII.

Afinal, era um tímido.

Tímido, porém romântico, e haveria de chegar o dia em que ela – ou outra tão bela quanto – compreenderia que só um poeta patético, como ele, poderia lhe dar o maior amor do mundo.

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