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Histórias de Berlim – 3

Vesti minha camisa amarela (réplica da que o Palmeiras usou quando representou o Brasil em 1965, na inauguração do Mineirão) e saí por aí…

Não, não sou tão malaco assim.

O que fiz foi descer para um café no bar do NH Mitte Hotel de Berlim, onde me hospedei por alguns dias, na semana que passou.

Todo faceiro e pimpão, acreditei que estaria livre dos olhares invejosos de torcedores dos rivais paulistas como corintianos e sãopaulinos e congêneres. O manto ficou mesmo muito bonito. Tanto que a atual patrocinadora da CBF quis vetar as vendas da concorrente que patrocina o Verdão.

Quando estou por aqui, por motivos óbvios e lamentáveis, não costumo dar essa bandeira pelo risco absurdo que hoje nosso País oferece.

Inacreditável que seja assim, mas infelizmente assim é.

Compenso como posso nas viagens que faço. Sempre levo um modelito para tirar uma onda, até porque o futiba é o grande cartão de apresentação do Brasil no Exterior.

Foi o que fiz nas minhas andanças por Berlim.

Só não contava com a paixão dos gringos pelas coisas do futebol.

— Já está tudo ok para a Copa?

Um senhor de boa estirpe tedesca, a empunhar um canecão daqueles de cerveja, ameaça me fazer companhia à mesa, que tem vista para a movimentada Leipziger Strabe.

Fala em um combalido portunhol, bem melhor do que o meu inglês, registre-se.

Repito o “ok!” sem muita convicção.

Também para não esticar a conversa.

(Não sou tão desacanhado quanto pareço, em terras estranhas e áreas que desconheço)

— Vai ser um carnaval, como se diz, “fora de tempo”.

Ele já se mostra todo senhor do idioma e dos meneios brazucas.

Faço sinal de positivo, como a concordar. Quero mesmo é escapar do interesse do alemãozão. Forte pra caramba para os 60/70 anos que aparenta ter.

— Amo futebol! Se pudesse, eu estaria no Brasil…

Seria bem-vindo, digo (mesmo constrangido, sou um poço de gentilezas).

Mas, o homem não se contém – e arrisca um prognóstico:

— Desconfio que vocês vão sambar no final. A Alemanha será campeã.

Ele ri freneticamente.

Eu devo ter feito aquela cara de contrariado. Prestes a chamar a tropa aliada.

Tanto que ele logo dá um fecho improvável à nossa conversa.

— Son brincadeirra, meu querrido.

Foi o alemão mais carioca que conheci na vida.

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