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Sobre o Bellini…

Ao imortalizar o gesto de erguer a Taça Jules Rimet , em 1958, o grande capitão Hideraldo Luiz Bellini levou o jornalista Armando Nogueira, presente na Suécia para a cobertura do Mundial, a um dos mais emocionantes momentos da sua brilhante carreira na crônica esportiva.

Antes da Copa, o jovem Nogueira era um repórter que fazia duras críticas à escalação de Bellini entre os titulares. Preferia o classudo Mauro Ramos de Oliveira, então zagueiro do São Paulo.

Nogueira chegou a exasperar-se com a teimosia de Feola e, em algumas reportagens, definiu Bellini como um “grosso”, um “perna de pau”.

Aos poucos, durante os jogos da Copa, o jornalista começou a se dar conta de que, mesmo com parcos recursos técnicos, a firmeza e a liderança natural do capitão à frente da nossa zaga eram – e foram – essenciais à trajetória vitoriosa do escrete.

Todos confiavam no moço de Itapira, pequena cidade do interior de São Paulo. Com seu jeitão ríspido, elegante e de poucas palavras.

Após a vitória (5×2) diante da Suécia, Nogueira mal coube em si de alegria – foi literalmente às lágrimas ao ver a nobreza de Bellini ao receber a Taça.

Arrependeu-se profundamente dos impropérios que escrevera meses antes.

Jurou nunca mais usar termos tão ‘pesados’ para definir este ou aquele profissional da bola. Dentro de campo, os verdadeiros heróis surgem assim, do nada; muitas vezes, de onde menos se espera.

Ouvi esse relato do jornalista há alguns muitos anos,

Nunca o esqueci.

Talvez por que revelasse a grandeza de dois grandes profissionais, homens na acepção do termo, na essência de uma conquista inesquecível.

*O capitão morreu ontem, aos 83 anos, em São Paulo

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