“Aí, essa terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal”
*Versos da canção “Fado Tropical” em que o compositor Chico Buarque de Holanda faz referência à Revolução dos Cravos, ocorrida em 25 de abril de 1975. O movimento libertou Portugal dos grilhões da ditadura salazarista.
O Brasil só veria o fim do próprio período ditatorial dez anos depois. Ainda que de forma indireta. Aliás, registre-se, a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral, em janeiro de 1985, foi uma das raras vezes que o Congresso Nacional não nos decepcionou…
Abril de 2016.
Retornamos ao túnel do tempo.
Parece que não aprendemos a lição.
Vivemos à espreita de um novo desmantelamento institucional.
II.
Tenho uma antiga discussão com o amigo Poeta.
Aposto no fortalecimento das instituições como base e essência de uma democracia que se faça plural e provedora de justiça social.
Ele concorda, discordando.
– As instituições, meu caro, quem as faz são os homens. Portanto, padecem da miséria humana. São falhas, instáveis; por vezes, beligerantes e, nos últimos tempos, trágicas em suas decisões.
O amigo pergunta se assisti ao desenlace da votação da aprovação do impeachment domingo passado, no Congresso nacional.
É uma provocação, bem sei.
O Poeta sabe que estive fora do país na última semana. Acompanhei à distância – e muito precariamente – sobre o triste episódio.
Não tenho argumento, nem vontade, para contrariá-lo.
Ergo o seu braço direito, como fazem os juízes ao sacramentar a vitória de um dos contendores – e digo:
(Ou pior, lastimo)
– Você venceu, companheiro. O round é seu.
III.
Mas, este abril chegou mesmo marcado por sensíveis perdas. Prince, Billy Paul e, na madrugada desta segunda, um dos grandes nomes da cultura musical brasileira, o produtor Fernando Faro.
Amanhã, eu falo sobre ele…