Recebo o recado de um amigo:
“Você precisa escrever mais sobre futebol.”
Acrescenta: ando “muito alienado” da temática justamente agora “às vésperas de uma Copa do Mundo”.
Como é um senhor recatado, avô de muitos netos, o Galego (poucos o conhecem por este apelido, dos tempos do futebol de várzea) pede que eu não o identifique. Teme as redes sociais. Mas, arrisca, ele próprio, algumas críticas contundentes ao Tite (“um encantador de serpente, como bem disse o Lugano”), ao craque Neymar (“é um garoto mimado, e sem limites”) e garante:
“Vamos morrer na praia, De novo.”
Depois de listar outras tantas considerações, sempre com o mesmo teor, o amigo lembra que o grande Nasci, saudoso companheiro dos tempos da velha redação, não cansava de elogiar os textos que eu escrevia sobre futebol. Ressaltava que deveria me especializar no assunto, “era o meu forte”. Por isso, gostaria de me ler sobre o assunto proposto.
Sempre generosos, esses meus parças.
II.
Os amáveis cinco ou seis leitores bem sabem que gosto de receber amigos, novos e/ou antigos, aqui no Blog. Especialmente aqueles que não vejo há um bom tempo e que, de repente, dão notícias. São todos bem-vindos e, de quebra, me inspiram não raras vezes as crônicas diárias. Como esta, aliás.
Galego, dos tempos em que habitávamos o campo barrento do União Mútua, é um deles.
Por isso, vou tentar lhe responder ainda que com breves linhas.
Antes, porém, esclareço sobre os elogios do Nasci naqueles idos. Eram, a bem da verdade, portadores de uma fina ironia.
Um estímulo ao debate, eu diria.
III.
Explico.
É que adorava escrever sobre música popular brasileira. Reportagens sobre cantores, compositores, músicos da chamada MPB que, diga-se, não era a preferência do Nasci.
O Mestre gostava mesmo de canções românticas, especialmente as assinadas pelos amigos (dele) Evaldo Gouveia e Jair Amorim. As interpretadas por Altemar Dutra, então, sobravam no imaginário do Nasci.
Minha pauta trafegava pela chamada geração de briga – Alceu Valença, Belchior, Ivan Lins, Gonzaguinha, Ednardo, Melodia, Fagner, Mautner, por aí.
“Uns chatos” – dizia o Nasci mais a fim de me provocar do que por gosto jurado e sacramentado.
IV.
Quando entrevistei o vanguardista Walter Franco – autor de “Vela Aberta”, “Serra do Luar”, “Feito Gente”, “Me Deixe Mudo”, “Respire Fundo”, “Coração Tranquilo” e a explosiva “Cabeça”, entre outras -, o Nasci não resistiu e, para me zoar, veio com essa história que eu deveria escrever sobre futebol. Aí, sim, eu era bom. Música não era o meu forte.
Nasci, mesmo na curva dos 6.0, era um ser brincante.
Provocador nato, adorável. Um amigo inesquecível.
V.
Ops…
A crônica já está longa – e nada disse sobre a seleção.
Perdão, amigo Galego. Vou ficar lhe devendo para outro dia uma análise mais apurada.
Sinceramente, não ando lá muito entusiasmado com o tal esporte bretão. Especialmente com o escrete.
Claro que vou parar, como todo o País, para assistir ao Mundial na Rússia.
Se vencer, participarei da festa. De leve, bem ao meu estilo.
Se vier outro tropeço, não ficarei triste não.
Que não seja 7 a 1, ok?
VI.
Um segredo.
A Copa sem a Azzurra perde todo o charme. Auguri, bello!
O que você acha?