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Brasileiro, profissão esperança

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“Tudo está bem quando termina bem.”

Olho pela janela nesta manhã acinzentada de segunda-feira e não resisto em repetir, para mim mesmo e agora aos meus caros cinco ou seis leitores,  a célebre frase de Shakespeare.

Do aposento em que batuco o post/crônica de hoje, vejo a rodovia com suas pistas congestionadas por veículos que se encaminham à capital. De outro ponto do apartamento, a visão que tenho é a de hábito quando não há greve: os trabalhadores descem dos trólebus e caminham ordeiramente em fila para a avenida central e os devidos empregos.

Um belo e abençoado ritual.

Do mesmo local, por estar no décimo nono andar de prédio mais do que antigo, vejo aquele posto de serviço em pleno funcionamento. Ao menos é o que me sugere o entra e sai de automóveis que param, por instantes, próximo ao que suponho seja a bomba de combustível.

Outros chegam e vão…

“A cidade pulsa” – diria o saudoso Tonico Marques na velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor.

“Vamos à lida que é o que nos cabe fazer” – completava para os jovens repórteres (eu, entre eles) antes de distribuir as pautas e tarefas do dia.

Tenho certeza que, se lhe apresentasse este começo de texto, o Marcão, meu primeiro e inesquecível editor, iria questionar a frase inicial.

“Ô cara pálida, tem certeza de que tudo está bem?”

“Tem certeza mesmo que tudo acabou bem?”

Pego em desalinho com os rigores do bom jornalismo, ouviria do Mestre a tradicional cantilena:

“Então, meu caro, apure melhor os fatos. E veja lá o que descobre…”

Atento observador que era, Marcão daria o rumo da pauta:

“É muito provável que a coisa toda ainda não terminou e que, de resto, o panorama não é nada bom.”

Outro conselho do Marcão:

O repórter tem que antecipar o que vem por aí.

“Este é o mister, esta é a função.”

III.

Só mesmo a oportuna lembrança (e os ensinamentos) do Velho Marques para mudar o rumo da crônica que, inicialmente, se propunha a trazer certo conforto aos meus preclaros e raros leitores.

Afinal, depois do sufoco dos últimos dias, a volta à rotina resulta em alívio às aflições recentemente vividas e enfrentadas.

Espero que me desculpem se, agora, os frustrei, amigos.

IV.

Ademais, e para ser bem sincero, e sem me referir especialmente a ninguém ou algo, estou apenas, nesta manhã acinzentada, como disse lá em cima, depois de tantas conversas que ouvi neste fim de semana prolongado, um tanto desesperançado com o nosso Brasilzão de Meu Deus.

Logo passa.

Brasileiros que somos, temos a esperança como profissão.

(Salve Vianinha!)

*(foto: jô rabelo)

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