Foto: Joel Sene
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O Sales me envia longa e sinuosa mensagem.
Vem por zap, como só e acontecer em dias atuais.
Diz que meus textos lhe são inspiradores e essas coisas todas que um amigo diz pr’outro quando ambos dividiram, por longos anos, trechos de uma jornada acadêmica que celebram como legítima e profícua.
Mesmo agora, distantes, se orgulham de comungar “contingenciamentos”, temores e utopias.
Ele cita dois textos recentes Gil, a entrevista e Minha profissão de fé como principal motivo “destas tantas linhas”.
“Porque questionam os interesses dos que hoje tentam manter uma desesperança sobre nossas cabeças, corações e almas”.
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Vou cortar os elogios generosos e compartilhar as considerações do amigo.
O motivo é simples:
Tratam da “chama existencial” que nos move.
Ele, ainda no campus e pela aí.
Eu, por aqui a batucar uma letrinha após a outra.
Mas, estamos juntos.
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“Na entrevista, Gil revela-se o farol de luz magnânima em meio a um oceano escuro e revolto que pode nos massacrar.
Importante momento para ler/reler as palavras do compositor e refletir sobre nossas próprias ações e a compreensão desses tempos.
Gil refaz agora o alerta que apropriadamente já soou em meados dos anos 70 em verso e melodia:
Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece/consideração
Com Gil e com você, amigo, divido os passos da caminhada.
Somos todos um.
O coração de Gil e os de outros seres divinos, como ele diz, são insuspeitos (brilhante colocação ): apontam para um caminho que, acredito, deveria ser comum a toda Humanidade.
Vai na linha do que disse o mano Caetano em outra canção daquela década:
Gente é pra brilhar e não pra morrer de fome.
Brilho que podemos ter, sim, como povo, de cultura diversa, abrangente e receptiva. Como entidades humanas que somos.
Esta luz é atemporal por ser a melhor das utopias.
Não falo aqui da utopia do lugar que não existe.
Falo, sim, da fraterna utopia do possível.
Aí moram meu coração e minha alma.
E, sei, o do amigo também.”
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E continua:
“A segunda crônica aponta o mesmo farol e a mesma direção, mas com o toque do mestre jornalista que indica humildemente para seus alunos um caminho, e nada impõe.
Aos incautos e desavisados que buscam o poder pelo poder, o poder pela força e pela opressão, eu digo:
Imposição, creio, ninguém quer para si.
A formação de um ser humano deve ser enraizada na liberdade, no moto-contínuo da solidariedade e no compromisso responsável por melhor qualidade de vida em todos os sentidos, em todos os segmentos sociais, com respeito às diferenças e ao sonho nosso de cada dia.
Amor ao próximo – eis o mote bíblico.
Buscar o que nos liberta, nunca o ódio e as doutrinas que nos limitam e oprimem.
Esta é a direção.
O almejado bem comum.
É por aí, amigo!
Obrigado, e siga na lida.
A gente se vê.”
Sales
*Que aparece, em nossas crônicas anteriores, com o codinome de Poeta. Muitos leitores juravam que ele não existia dado aos tempos sombrios que vivemos. Fosse, talvez, invenção do cronista. Vai ver, não existe mesmo…
O que você acha?