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Pão ou pães no Planeta Bola…

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Foto: Jô Rabelo

Quem me conhece sabe que, desde que me entendo por gente, o futebol faz parte da minha modesta existência.

Quem teve a coragem (e a paciência) de ler a autobiografia, aqui no site/blog, sabe mais profundamente o que estou a dizer.

Quem não leu e não quer se dar ao trabalho, transcrevo a seguir o trecho inicial para dar amparo, réu confesso, ao post de hoje:

Nasci no Cambuci (São Paulo/SP) em 4 de dezembro de 1950. Meus limites geográficos e existenciais até os 16 anos não ultrapassavam o triângulo compreendido entre o Parque da Aclimação, a várzea do Glicério e os “sete campos”, no final da rua Independência. O futebol, desde então, era paixão e vida.

Isto posto, sigamos…

Eu vi o Pelé jogar.

Vi Garrincha, vi Didi…

E, na boa, avalio que ainda não apareceu ninguém melhor desde a marcha desses senhores pelos gramados do mundo.

Tomo a liberdade de elevar a este panteão, dois outros nomes por questões bem pessoais.

Espero que me compreendam.

São ídolos da minha infância e adolescência:

Jair Rosa Pinto e Ademir da Guia.

Jajá, eu o acompanhava, já veterano e aposentado, desfilar seu talento, lucidez e incrível domínio de bola pelos campos de terra batida da várzea paulistana. Jogava num time chamado Can Can, de uniforme todo negro (uma novidade à época) e era reverenciado, como um deus da bola, por onde passava.

Ademir da Guia, o Divino, dispensa maiores referências.

É único e insubstituível no coração dos palmeirenses que o viram em campo.

A propósito, nunca soube que tanto um quanto o outro chamaram a bola de “coelho” por pior que fosse o gramado (ou a falta de) onde jogavam – e sempre bem.

Sigamos ( 2)…

Sempre adorei jogar futebol.

Comecei na várzea. Tinha 11, 12 anos num ‘laçado’ que tinha o João Bicudo como técnico e ao qual, nós, os garotos do Cambuci, chamávamos de “Botafoguinho”, pois usávamos um estropiado jogo de camisa com listas brancas e pretas.

Depois passei a jogar na seleção do Colégio Nossa Senhora da Glória, no infantil do Estrela dos Boêmios e numa infinidade de outros times que formávamos para saciar nossos sonhos e fome bola.

Aliás, uma pitadinha histórica: fui testemunha ocular da chegada do futebol de salão ao país.

Era goleiro do Fábrica de Latas Americanas (FLASA) no torneio que o Sesi organizou e que teve como palco uma quadra em pleno Salão da Criança, em 1963. Tinha onze anos.

Já crescidinho perambulei pelos campos de várzea nos quatro cantos da cidade. Passei pelo Huracan da Várzea do Glicério, pelo Independência da Vila Carioca, entre outros tantos e tamanhos. Inclua-se aqui o time da ACEESP – Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo – dirigido pelos saudosos mestres Sérgio Backlanos e Odair Pimentel.

Já quase quarentão cheguei ao Clube Atlético Ypiranga – e por lá encerrei minha desvaliosa carreira.

Tinha 50 e poucos anos.

Dava pro gasto – e pro soçaite.

Mas, não era mais o zagueirão que um dia fui.

Como torcedor, posso dizer que acompanhei – ora no estádio, ora na frente da TV – todos os títulos do meu Palmeiras de 1959 pra cá.

Fui bem feliz com a seleção brasileira até o tricampeonato do México em 1970. Depois, CBF à parte, o encanto se quebrou.

Assisto aos jogos, mas sem grandes arroubos.

Enfim…

Não é lá um extraordinário currículo, notório e tal, mas acho que quebra o galho, não?

Pois bem, meus caros e pacientes leitores, depois de tudo, logo agora que embico para os 70, acabo de descobrir que estou redonda e inteiramente enganado.

Pois é…

Eu não gosto de futebol.

Pobre de mim.

Sou apenas um resultadista!

Quem me alerta para esse fato indelével são nossos ilustres cronistas esportivos.

Eles sabem tudo – e alguns tão jovens, tão prolixos em suas afetadas falas!

Para os sábios do Planeta Bola – inclua-se aí jornalistas propriamente ditos, ex-boleiros, ex-treinadores e outras celebridades da língua solta -, ou você vê e aplaude o que eles vêem e aplaudem ou você não entende nadica de nada de futebol, é um passional, um ser das trevas – enfim, um resultadista.

Agradeço, mas sinceramente, não mereço.

(Basta a tirania militarizada que hoje nos ameaça impiedosamente fora dos estádios.)

Aos magnânimos, sugiro um tiquinho de humildade, e outro tanto de bom senso!

Respeitem a inteligência de quem os acompanha!

Custa nada.

Afinal, como bem ensinou Guimarães Rosa:

“Pão ou pães é uma questão de opiniães.”

 

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