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Nara, a inesquecível

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Fico devendo essa ao Pedro Bial.

Sabem da minha sinceridade.

Desde que o homem deu de apresentar o famigerado BBB passei a olhá-lo, assim, de soslaio.

Sempre achei o Bial um brilhante repórter, de texto irretocável.

Depois daquelas lengalengas existenciais que cometia no reality a cada saída de bebebeiros, eu desacreditei. Fiquei arisco.

Implicância minha?

Pode ser.

Não sou modelo de nada.

Nem é por aí o assunto da crônica de hoje.

Quero mesmo reverenciar Nara Leão, a inesquecível.

É que um recente Conversa com Bial foi inteiramente dedicado à cantora capixaba que reinventou a música popular brasileira e quase todo mundo pensa ser carioca da gema.

Mais do que oportuna a homenagem.

Nara Leão morreu em junho de 1989.

Trinta anos, portanto.

Mesmo assim, basta consultar a discografia, a biografia e inteirar-se sobre o que pensava sobre tudo e sobre todos para dimensionar o tamanho de seu legado como intérprete, artista e cidadã.

Não conheço outro exemplo de contemporaneidade na MPB e arredores. Ainda hoje.

Nara tinha então 47 anos.

Participaram do programa Roberto Menescal (amigo de toda uma vida), Fernanda Takai (que fez um disco dedicado à Nara) e Izabel Leão Diegues (filha de Nara e Cacá Diegues, o cineasta).

Houve outros depoimentos em vídeo (o de Maria Bethânia, por exemplo) e o resgate de imagens relevantes da trajetória da menina carioca que ganhou o mundo, com voz doce, meiguice e atitude.

Durou 40 e poucos minutos, se tanto. Na madrugada de sexta pra sábado. Estava zapeando e…  eu que ando às tampas com a minha sentimentalidade não resisti.

Me deixei levar.

Foi a gota que faltava para transbordar o jarro da saudade.

Sempre fui fã de Nara.

Fã só, não. Admirador, apaixonado, etc etc e tal.

Fiquei encantado desde que a vi nas imagens acinzentadas e toscas da pioneira TV Olympikus lá de casa.

Meados dos anos 60. Tempo dos sonhos juvenis, dos Beatles e Rolling Stones, da efervescência cultural, da revolução dos costumes, dos festivais da canção. Do surgimento de Chico, Gil, Edu Lobo, Caetano, Vandré, Elis e… Nara.

Narinha que o poeta Ferreira Gullar assim descreveu:

Sua voz quando ela canta

Me lembra um pássaro, mas

Não um pássaro cantando:

Lembra um pássaro voando

No meu (des)currículo como repórter na área de Cultura, constam várias passagens das quais humildemente me orgulho. Entrevistei grandes nomes da MPB. Quase todos que nos brindaram com belas e não_tão_belas canções entre os anos de 70, 80 e um tantinho dos 90.

Faltaram alguns notáveis.

Mas, não tenho do que reclamar.

Nara, sim.

Lamento e considero um vacilo imperdoável.

Enfim…

C’est la vie…

Valeu, Bial!

 

Leia também:

Nara

O Canto Livre de Nara

Foto: Divulgação

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