Foto: Jô Rabelo
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Tem coisas que eu acredito que sim.
Outras, desconfio, que não.
A maioria delas, não sei se sei – e, na boa, na idade em que estou, não me interessam.
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Vejam esta:
Quando estava na lida, corria atrás do ouro e da glória, chegava estropiado em casa. Dormia e sonhava que estava no bem-bom, na praia, na montanha, na vida – e a passeio.
Agora que, no sossego, tenho dia todo para as minhas caminhadas, leituras, cochilos e outros leros, só durmo tarde da noite e, acreditem, sonho que estou trabalhando. No risque e rabisque do ‘fechamento’ da edição na efervescente rotina da velha redação de piso assoalhado.
Pode?
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Hoje, porém, tive um sonho bizarro.
Sonhei que não era quem eu sou.
Deu pra entender?
Também achei confuso.
Até porque, convenhamos, sinceramente, mesmo nessa altura do campeonato, não sei se ainda sei exatamente quem sou.
Mas, sei que aquele indivíduo ali, todo gabola que, no sonho, era eu; na verdade, não tinha nada a ver comigo.
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Um farsante.
Falava com um sotaque diferente, cheio de chiado. Usava expressões que eu não entendia e dizia coisas com as quais sempre achei um perigo sair por aí dizendo.
Oxi…
Vestia umas roupas estranhas, bem chamativas.
Gargalhava e desfazia de tudo e de todos.
Inclusive, dele mesmo e, por consequência, de mim.
Que abusado!
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Ele todo parecia ser um alvoroço.
Não sou assim.
(Ou sou?)
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Tomei um susto, a princípio.
Depois veio a empatia e uma preocupação.
Será que ele mora no lugar onde moro?
Se sou eu aquele, então…
Putz!
Minha reputação com a vizinhança já era.
(Se é que algum dia foi.)
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Pintou um estranhamento.
Sabem aquela coisa:
Só pode ser sonho.
Ou pesadelo?
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O que acontece?
Sou espectador e protagonista da minha própria história.
Ah, e também narrador – pois, tinha uma voz (ou algo assim) que me dava conhecimento de tudo o que se passava com a minha persona.
Inclusive os pensamentos do cara que, em última análise, era um maluco-beleza.
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Jeeesus!!! – ponderei comigo mesmo (em segredo para que os outros dois não ouvissem):
Levei a vida toda na miúda, procurando ser o tal pacato cidadão, que só diz o que é pra se dizer, que não se indispõe, que não quer incomodar, nem se locupletar… Só na minha. Abri mão de tantas coisas, para acabar assim?
Vacilão.
Não acredito!
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Então, o “eu – narrador” me olhou com espanto a perguntar:
Como assim?
E o “eu que era eu mas não como sou” balançou a cabeça e disse:
— Acorda pra vida, mermão. Está esperando o quê?
E malandramente me sorriu…
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*Vídeo encaminhado pelo amigo Vanderlei, da cidade de Cunha.
THEREZINHA GOMES BALLESTEROS
12, fevereiro, 2020OLÁ RUDI SEI QUE VC ESTA ESPERANDO UM COMENTARIO MEU.A MUITO TEMPO ME PERDOE ! ADORO SUAS CRÔNICAS , SÃO EXCELENTES ,SE EU NAO TIVESSE O PROBLEMA DA DEGENERAÇÃO MACULAR VC IRIA ME MANDAR PARAR DE ESCREVER ! SOU MUITO CRÍTICA QUANDO NÃO GOSTO DE ALGO ,MAS TAMBÉM SEI RECONHECER UM BOM TRABALHO ! ADORO O SEU !NOTA 10 ! QUANDO VC CITA O NOSSO TÃO QUERIDO VEREADOR ALMIR GUIMARÃES SEU TRABALHO FICA MAIS ENREQUECIDO ! SE VC ENCONTRAR E SEI QUE VAI ERROS GRAFICOS ,ME PERDOE , NÃO CONSIGO CORRIGIR ! ABRAÇOS VAI EM FRENTE VC É OTIMO !!!