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O corre das eleições municipais

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Jânio Quadros. Foto: Enio Schneider

Tem uma muvuca diferente no vai e vem da feira-livre nessa manhã.

Foi o Aloísio, o rapaz da banquinha que vende queijos, que chamou minha atenção.

São grupos de correligionários em plena ativa a espalhar os tais folhetos de propaganda eleitoral dos mais diversos candidatos às eleições municipais em outubro deste ano.

É o corre dos candidatos a prefeito e vereador.

Minha primeira reação foi fugir dali rapidinho.

Nem sequer me dou ao trabalho de saber se havia algum candidato no local.

Não tenho mais idade para (in)certas abordagens.

“Viu as pesquisas, doutor?” – me diz o Aloísio.

“Tá tudo embolado em primeiro. Não tem nada definido. Tudo pode acontecer, não? ” – perguntou-me.

“É o que me assusta, campeão” – respondi, pra lá de apreensivo.

De posse do meu naco de queijo Minas de cada dia, me despedi do Aloísio e, na caminhada de volta para o lar doce lar, foi impossível não relembrar minha jornada de repórter nos idos da velha redação.

Pois é, meus caros, ninguém me contou, não…

Meninos, eu vi.

Jânio Quadros dar um capote de votos em cima do príncipe dos sociólogos, Fernando Henrique Cardoso, em 1985 e tornar-se o primeiro prefeito eleito de São Paulo pós-ditadura.

Como aconteceu?

Ninguém nunca soube explicar tintim por tintim.

Vi a Erundina tornar-se, no pleito seguinte, a primeira mulher a assumir a Municipalidade paulistana, com eleitores decidindo seu nome na fila de espera para a votação.

Outra surpresa!

Bem estranho aquele turno eleitoral em que Celso Pitta surpreendeu a todos com a fantasia marqueteira de um brinquedinho, chamado Furafila.

Quem se lembra?

Querem mais?

Vi o pessoal acreditar que o José Serra ficaria quatro anos como prefeito.

Vi a Marta Suplicy amassar barro na periferia, com seu tênis Chanel de fino trato e caríssimo.

(O que não se faz por uns bons votinhos?)

Vi o Kassab prometer o fim das enchentes e o Maluf sair do Ibirapuera, com incríveis bons índices de aprovação como prefeito paulistano.

Valho-me dessas lembranças – e escolho a mais emblemática das eleições.

A primeira, em 1985.

Trabalhei na acirrada disputa entre o então senador Fernando Henrique Cardoso e o ex-presidente Jânio Quadros em 1985. .

Foi um pleito histórico.

Lembro a perplexidade do apresentador Carlos Nascimento a tropeçar nos números que confirmavam a vitória janista nos boletins da TV Globo que cobriam a marcha da apuração.

Ninguém acreditava no que estava vendo e ouvindo.

Lenta – mas, firmemente – Jânio ia abrindo vantagem na ponta.

Eu estava locado no PMDB do Ipiranga (então partido de FHC) para cobrir a festa da vitória.

De lá ameaçava sair uma carreata para a avenida Paulista…

Que fiasco!

Uma semana antes ao dia da votação, no Anhembi, mais de um milhão de pessoas participaram do showmício de encerramento da campanha de Fernando Henrique. Chico, Caetano, Djavan e outros bem cotados da MPB foram atrações do evento.

Era a vitória das forças democráticas (acabávamos de sair de 21 anos de ditadura militar) contra o retrocesso inequívoco que Jânio e os seus pares representavam.

Na mesma data, mais ou menos à mesma hora, Jânio Quadros falava para 10, 15 mil pessoas em uma praça na Vila Maria. Moacir Franco e as Irmãs Galvão tocaram a parte musical do comício.

Acreditem!

Deu Jânio.

Como primeiro ato de seu governo, o homem desinfetou a cadeira de prefeito, que acomodou “nádegas indevidas”.

Um gesto bem apropriado ao Homem da Vassoura que entrou para o folclore do mundo político brasileiro.

Quanto à contenda atual, não faço qualquer prognóstico.

Mas, não estou nada otimista..

Certamente, voltaremos ao assunto proximamente.

Por enquanto, deixo meu recado:

Na hora do voto, juízo rapaziada!

TRILHA MUSICAL

Não sei quem foi o bendito programador da emissora que lembrou-se de incluir aquela linda canção dos anos 80 para tocar no exato instante em que liguei o rádio do carro.

Que lindeza!

Decididamente, se o mundo não deu certo, não foi por falta de trilha sonora.

2 Responses
  • Leila Kiyomura
    26, agosto, 2024

    Uma vez reporter

  • Leila Kiyomura
    26, agosto, 2024

    Uma vez repórter sempre repórter… O que você viu, registrou e escreveu ficou na história…
    E quando for buscar o queijo na feira, ouça a história do Aluísio, ele vai ficar feliz de ser entrevistado por

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