Ilustração: capa do livro “A Todo Vapor – O Tropicalismo segundo Gal Costa”/Reprodução
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Gal Costa completaria 80 anos na sexta-feira que passou, 26 de setembro.
Perdi a data, numa procura que tento justificar no texto que segue hoje.
Sei que não é desculpa, mas me permitam a explicação.
Minha apaixonada admiração pela inesquecível diva vem desde os meus verdolengos anos da juventude.
Pois não?
Então leiam o que vou lhes narrar – e concluam por si.
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Verdade verdadeira.
Lembro a primeira imagem que vi de Gal quando ainda era uma meninota de 19 ou 20 anos, a discreta Maria da Graça.
Ela apareceu numa foto da revista Intervalo, semanário da Editora Abril que cobria os bastidores da vida artística na TV e no rádio.
Não me recordo o que dizia a brevíssima reportagem.
Talvez comentasse a belíssima impressão que baiana causou ao aparecer no Festival Internacional da Canção, de 1966 como intérprete da canção “Minha Senhora”, do então promissor aspirante a compositor e cantor Caetano Veloso.
Talvez, eu disse, não lhes dou certeza.
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Me é inesquecível, no entanto, a foto de Gal, de cabelos curtíssimos, recostada a uma palmeira, vestindo uma camisa de corte masculina sobre o biquíni a destacar as pernas levemente torneadas pelo sol da Bahia.
Ali ela já aparece ao lado do amigo Caetano.
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Foi por essa época, alguns anos depois, que Gal lançou o álbum Domingo justamente com o baiano.
O disco tinha uma levada totalmente bossa-nova. Suavemente romântico.
A música de trabalho da dupla – e que alcançou relativo sucesso – foi “Coração Vagabundo”.
Particularmente, das 12 faixas, minha preferência ficou para “Avarandado”.
Todas as canções eram de autoria de Caetano Veloso.
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Não preciso dizer, mas digo que o disco me cativou.
A cantora, então, muito mais.
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Enfim.
Nessa singela e tardia homenagem aos 80 anos da inesquecível Gal Costa, fiz questão de recuperar a foto antiga (um bom amigo, fã de Gal como eu, me enviou pelo zap) e lhes mostrar.
É para mim um documento histórico!

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O detalhe que hoje – e só agora tenho coragem de contar – é que eu era um meninote suburbano e, digamos, bem ciumento. Que me perdoe o grande e notável Caetano Veloso que tanto me fascina com suas lindas canções vida afora. Mas, naquela oportunidade, Caetano era um intruso. Portanto, eu o cortei da foto (como eu via a mana Dorô fazer nos retratos com o ex-namorado).
Passei a tesoura.
Passo seguinte – ainda de tesoura em mãos – foi cuidadosamente recortar a silhueta da jovem Gal, depois colar a um papelão no mesmo formato – e assim confeccionei, a meu gosto, um sugestivo marcador de páginas.
À época, eu tinha 15 anos.
Desconfio que meus caríssimos e leais leitores, vão me entender, não?
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O que você acha?