“A vida sempre se repete…”
Fiquei intrigado com a conversa que, ontem, aqui postei.
A frase, com a qual o respeitável leitor encerrou o nosso cordial papo, é bastante reveladora.
E pensar que a coisa toda começa a partir de um texto, descompromissado, que escrevi há mais de 10 anos?
(Mais detalhes no post de ontem)
Parte de uma, digamos, nostalgia pessoal minha (de ouvir uma velha canção que se perdeu no tempo) e, de repente, tantos anos depois, alguém lê as maltraçadas e um sentimento mais forte se ilumina dentro do caríssimo – e incauto – leitor e se dá a identificação.
II.
Modestamente, eu diria que é por aí que se faz a luz para o autor.
Diria mais – e não me entendam mal, por favor:
Quando a gente batuca uma letrinha atrás da outra, enfileirando palavras e frases, a proposta idealizada é mesmo esta. Falar muito diretamente aos leitores. Interagir com eles, provocá-los, transformá-los de alguma forma. Deixá-los mais próximos de nós e dos nossos esparramos…
III.
É a proposta, mas sinceramente sabemos que o vapt-vupt da vida não deixa que o encontro e a troca aconteçam assim tão facilmente.
Andamos – eu, você, o leitor, todos nós – duro na queda, blindados contra qualquer emoção que nos faça perder o foco da sobrevivência em meio aos compromissos – por vezes, ásperos – nossos de cada dia.
Com a agenda cheia e tantas reuniões importantes a enfrentar, como parar tudo e ficar remoendo os versos de uma canção do passado, as frases mal alinhavadas por um desconhecido blogueiro ou mesmo emoções que nos foram – e são – tão caras?
V.
Quando trabalhava na Redação – ora como repórter, ora como editor –, o fundamento primordial era ser objetivo, claro e nos aproximarmos o mais perto possível da verdade factual. Nossa matéria-prima de trabalho era a realidade imediata de cada um de nossos leitores. De como sua vida mudaria a partir desta ou daquela decisão do governo, desta ou daquela mudança de mão de direção no trânsito, deste ou daquele evento programado para o fim-de-semana.
Ou seja, informação, prestação de serviço, esclarecimentos à opinião pública…
VI.
A crônica – e o Blog que é a plataforma que a sustenta – escapa a essa objetividade. Tangencia o que se lê no noticiário, e sugere um olhar mais alongado sobre este ou aquele fato. Não aprofunda nada, não tenta cientificá-lo; por vezes, é apenas o mote para que o autor humildemente possa contar uma história…
Uma história que pode ser pessoal, pode ser a de um amigo, pode ser apenas fruto da sua observação e vivência diárias.
Uma história que, no fundo – e sem que se pretenda -, passe a ser a história de todos nós…
Às vezes, conseguimos.
Afinal, a vida se repete, como disse o leitor.