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A era do rádio

“Bom dia!
Mas, bom dia mesmo!”

8 horas da manhã. A voz no rádio anunciava otimismo.

Tinha sotaque nordestino – e tratava de dar força aos distintos ouvintes.

Entre os quais, dona Iolanda, minha mãe.

Era Omar Cardoso, o homem do horóscopo, pelas ondas da Rádio Nacional, de São Paulo.

Às 18 horas. Pedro Geraldo Costa anunciava a hora da Ave Maria.

Com direito à benção de Padre Donizetti, diretamente de Tambaú.

A mãe passava o dia com o rádio ligado.

Parceiro fiel, enquanto encarava a lida dos afazeres domésticos.

O pai no trabalho, os filhos na escola ou a chutar bola na calçada, como era o meu caso.

Talvez fosse uma forma para escapar às vozes da solidão.

Ao meio dia, a vez do Programa Manoel de Nóbrega, o criador de A Praça da Alegria que, depois, por força contratuais, virou A Praça É Nossa, com o comando do filho Carlos Alberto de Nóbrega.

Ali, lembro, começaram o próprio Carlos Alberto, o inesquecível Ronald Golias, Canarinho, entre outros. O locutor comercial era ninguém menos que Sílvio Santos, o próprio, apelidado por Nóbrega pai, de o “Peru que fala”.

No intermeio disso tudo, ainda havia as novelas da Rádio São Paulo, com Gilmara Sanches e Ézio de Barros como protagonistas.

Folhetins de capa e espada narravam amores impossíveis.

Minhas irmãs, mais crescidinhas, deploravam:

— Nossa, quanta choradeira, mãe. Como a senhora consegue ouvir?

Mas, eu – o caçula da família – ficava impressionado, com alguns detalhes.

Pocotó, pocotó, pocotó, pocotó…

O mocinho chegava para resgatar a princesa das garras do pérfido vilão.

E eu a me perguntar:

— Como conseguiram colocar um cavalo dentro da emissora?

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