Foto: a imagem de Nossa Senhora Achiropita/Arquivo Pessoal
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Recebo o folheto assim que entro na bucólica igrejinha.
Trata-se de um folder de divulgação da 99a. Festa de Nossa Senhora Achiropita que ocorre anualmente durante os sábados e domingos do mês de agosto no tradicional bairro do Bixiga, em São Paulo.
Verdade verdadeira que tenho a sensação de estar em outra cidade, não em Sampa.
Um naco da Itália no Brasil. Ou vice-versa.
Dúvidas e sensações à parte, confesso, algo me soa familiar e agradavelmente acolhedor.
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Há uma senhora, com crachá de identificação, a recepcionar os visitantes logo à entrada. Ela mesmo faz questão de reuni-los e espalhá-los nos bancos de madeira para, em seguida, se por a contar a história da Madona e da igrejinha que os calabreses – ops, entendo agora a identificação – construíram, nos anos 50, “para resgatar o culto que nasceu em Rossano, pequena comuna no sul da Itália”.
Sempre ouvi falar da Festa do Bixiga, dos pratos típicos – fogazza, macarrão, polenta, antepasto, pizza, fricazza –, da muvuca dos milhares de convidado entre as barracas de rua nos arredores da igreja e da alegria que emana pela região, que antes chamávamos de Bela Vista.
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Mas, porém, contudo e todavia…
Sinceramente sabia nada da milagrosa história da santa.
De como nasceu e se desenvolveu entre nós mais essa manifestação de fé e religiosidade que herdamos de nossos antepassados italianos.
Penso que fosse oportuno lhes transmitir, amáveis leitores, parte do que apreendi do folheto e da explanação da senhora.
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Vejamos:
“No ano de 580, um capitão de nome Maurício enfrentou uma grande tempestade em alto mar. As ondas, implacáveis, ameaçavam virar o barco em que estava com sua tripulação. Todos em pânico diante do iminente naufrágio. Num momento de maior aflição, o capitão clamou pela ajuda de Nossa Senhora e prometeu que, se ele e seus marinheiros fossem salvos, construiria um santuário em reverência à Mãe de Jesus e todos nós.
“Assim que o homem conseguiu atracar o barco num pequeno porto de uma desconhecida aldeia italiana, o comandante encontrou um monge que lhe falou: ‘Não foram os ventos que o trouxeram para este lugar. Foi Maria, para que lhe construa um santuário quando for escolhido como imperador’.
“Profecia cumprida. Deu-se a construção do templo em Rossano, Calábria.
“A ornamentação das paredes do interior da igreja foi reservada a um grande artista. Serviço quase pronto, faltou unicamente o painel central onde haveria a imagem de Nossa Senhora.
“Eis que se dá o mistério. Tudo o que o artista pinta durante o dia, saibam que inexplicavelmente desaparece à noite.
“Inexplicável o fenômeno.
“Designou-se então um atento vigilante para descobrir o que acontecia nas horas incertas da madrugada.
“Numa noite, uma formosa mulher com uma criança no colo pediu para entrar, pois precisava fazer suas orações.
“Tanto insistiu que obteve a permissão.
“Passaram longos minutos, horas e horas – e a senhora com a criança não saía da igreja.
“Ensimesmado e curioso, o vigilante decidiu ver o que estava acontecendo. Não encontrou nem a mulher, nem a criança. Por onde saíram. Só havia uma porta na igreja.
“Não saíram. Transformaram-se milagrosamente na imagem estampada no lugar que estava reservado à pintura principal.
“Surgiu assim o culto à Nossa Senhora de Achiropita (a-kirós-pita), a que não foi pintada por mãos humanas.
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Termino o post/crônica de hoje ainda com o que diz o folheto:
FESTA NA RUA
Sábados e domingos com início às 17 horas.
Pratos típicos italianos
Doces típicos italianos
Bebidas diversas
Barracas com diversos brinquedos para as crianças
Souvernir
*As barracas se espalham pelas ruas Treze de maio, São Vícente e Dr. Luís Barreto
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Divirtam-se!
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TRILHA SONORA
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O que você acha?