Caros…
Com todos esses anos de janela no ofício de alinhavar uma letrinha depois da outra, eu devia ter aprendido: não dá certo mesmo essa coisa de listar o melhor disso ou daquilo.
Há sempre o risco de esquecermos algum nome.
Ou – o que é mais comum – encontrarmos opiniões diferentes da nossa.
Eu mesmo sou useiro e vezeiro em discordar das relações que encontro pelo caminho.
Exemplo: fiquei decepcionado pra caramba quando soube que a edição revisada e atualizada do clássico Os Gigantes do Futebol Brasileiro, de João Máximo e Marcos de Castro, não trazia o perfil de Ademir da Guia, o Divino.
Querem outro exemplo: desisti de comprar o CD Samba de Todos os Tempos, do glorioso Fundo de Quintal, quando olhei a relação dos sambas listados. Pra início de conversa faltou incluir Mas Que Nada, de Benjor (à época simplesmente Jorge Ben), um dos sambas mais gravados em todo o mundo.
Vai daí que, mesmo assim, e apesar de todo o quasquasquas supracitado, ontem cismei de fazer uma seleção dos 25 melhores centroavantes que vi jogar num post que, em última análise, quis homenagear o adeus de Ronaldo.
Pois então…
Logo pela manhã, mal saio do elevador, e o porteiro do prédio onde moro (que é mineiro e torcedor do Galo) cobrou a presença de Rei-Rei-Reinaldo, “o melhor atacante que já passou pelas Minas Gerais”. Carreira curta, mas de inesquecível marca.
Concordei com ele.
E me penitenciei pelo indesculpável esquecimento.
O moço da padaria, antes mesmo que eu pedisse, o café foi soltando a bronca:
— Oh, Gajo! Não te lembrastes do Ivair, nem do Enéas, da minha sempre amada e esquecida Lusinha por quê?
Tentei em vão explicar que os dois craques não eram exatamente centroavantes.
Mas, ele nem quis me ouvir.
Disse que como torcedor da Lusa está acostumado com esse pouco caso dos jornalistas.
Desconfio que ele só não me serviu café frio porque logo acrescentei que Ivair, o Príncipe, era chamado de sucessor de Pelé à época e Enéas jogou um bom tempo pelo meu Palmeiras.
Por falar no Verdão, o amigo Astrogildo, palmeirense fanático, pediu a inclusão do argentino Artime que deixou César Maluco na reserva por um bom tempo.
Reconheço que o gringo sabia fazer gols. Mas, convenhamos, se internacionalizasse a lista aí sim a insatisfação aumentaria.
Insatisfação que, diga-se, chegou aos meus ouvidos o dia todo – e me obrigou a retomar o assunto hoje.
Baltazar (que não vi jogar), Tostão (que jogou com a nove na Copa de 70), Roberto (do Botafogo, reserva da seleção no México), Jairzinho (centroavante improvisado na Copa de 74), toda a estirpe dos Mirandinhas foram outros nomes cobrados. Até o folclórico Beijoca foi citado – acho que era gozação; mas considerei melhor citá-lo aqui e encerrar as queixas sobre a minha lista de melhores.
Acreditem! Tão cedo não farei outra…