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A seleção e os moleques

Desconfio que o garoto brasileiro só se dá conta de que existe, está vivo e coisa e tal quando se dá conta de um (in)certo Planeta Bola e de que precisa fazer uma escolha definitiva – tenha a idade que tiver: para que clube de futebol vai torcer?

Exagero?

Talvez. Mas, não muito.

Vamos combinar que por aqui, por essas bandas, é assim.

E agradecemos ao Senhor por isso.

Aprendemos a sorrir e chorar, a vencer e a ser vencido – “derrotado, nunca”, como dizia o Armando, palestrino de cabelos pintados de acaju, amigo do meu pai lá nos antigamentes -, a respeitar o imponderável, a sentir-se vivo e, nos resultados adversos, a querer desaparecer num buraco sem fim… Aprendemos o que é amar em todas suas nuances.

(Preferia que não fosse assim, mas assim o é: também aprendemos a odiar e, mesmo que às avessas, cultuar nossos adversários.)

A seleção vem no bojo dessa, digamos, vivência.

Soa como um brinde, um momento único de congraçamento – e, acreditem, fé no País em que nasce e/ou vive.

Lembro a professora Izabel, lá nos antanhos do grupo escolar, a nos explicar – os garotos cabeçudinhos do Cambuci – a diferença entre Povo, País e Nação.

— Este é o nosso País (e mostrou o mapa do Brasil em um mapa mundi sobre a sua mesa). Quem mora nesse País é o povo do lugar. Somos nós todos. Quando nos juntamos em torno de um anseio comum, de uma causa, de um sentimento, seja ele de tristeza ou de alegria, transformamo-nos em uma Nação.

Entendemos logo a explicação.

Voltávamos para o segundo semestre do ano letivo e ainda trazíamos vivas em nossas as lembranças do dia em que saímos às ruas para comemorar, com vivas e fogos e festas, o Brasil campeão mundial, na Suécia.

Era agosto de 1958.

Penso na molecada de hoje – os que vão torcer e os que entram em campo com a “amarelinha”, na abertura da Copa das Confederações.

Que vivam uma bela – e inesquecível – aventura…

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