“Tem que lutar, não se abater
E só se entregar a quem te merecer.
Não estou dando nem vendendo,
Como o ditado diz.
O meu conselho é pra te ver feliz. ”
(…)
Não sou da turma do pagode. Mas, gostava de Almir Guineto, cantor e compositor, fundador do Fundo de Quintal, que ontem nos deixou, aos 70 anos.
Gostava especialmente dos versos de “Conselho”, talvez a obra-prima que o consagrou como sambista. Vi gente amiga sorrir, mesmo em um momento não muito inspirador de suas vidas, ao ouvir os versos cadenciados:
“Deixe de lado
esse baixo astral.
Erga a cabeça
enfrente o mal”
Desconfio que, entre outros babados, é por momentos assim que alguém se faz músico. É a mais tocante função do artista: dar alento, conforto e esperança a quem o escuta e se emociona ao compartilhar versos e melodias. Sentimentos.
Eu mesmo, vez em quando, me surpreendo cantarolando baixinho, para mim mesmo, os versos deste belo samba de autoria de Adílson Bispo e Zé Roberto, mas que se tornou eterno na voz de Guineto.. Me fazem lembrar os anos 90, a aventura de viver, a velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor, os amigos que hoje, tal qual ave de arribação, voam daqui pra ali em busca da sobrevivência e de novos sonhos.
Que Deus acolha Guineto em sua glória, abençoe meus amigos (próximos e distantes) e não se esqueça de mim…
