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Arigatô Japão

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A propósito das comemorações de 110 anos da imigração japonesa para o Brasil – e em reverência aos pioneiros e à valiosa contribuição de seus descendentes e conterrâneos, destaco hoje o depoimento do empresário Katsumi Hirota que consta do livro “Katsumi Hirota – Um legado para gerações”, publicado em 2011. Assinado por mim, com prefácio do padre Antônio Brito.

Leiam!

(…)

Quando desembarcamos, ficamos assim mais tranqüilos.

Apesar de debilitados, passos cambaleantes, entendemos que fora vencida a primeira – e talvez mais difícil – etapa da jornada: a viagem no África Maru (navio que trouxe imigrantes janponeses para o Brasil entre 1932 e 2936)

Fomos recepcionados por um fiscal da imigração que falava japonês – o que facilitou bem este primeiro contato.

Ficamos três dias no Porto de Santos para que averiguassem nossas reais condições de saúde.

Outra prova de resistência!

Éramos 15 famílias de japoneses à espera de quem viesse nos buscar para trabalharmos nas tais lavouras do café.

O lugar era abafado, úmido. Chovia o tempo todo. Era insuportável o cheiro de mofo.

O calor que fazia – e não conhecíamos assim – infestava o lugar de insetos – pulgas, pernilongos, percevejos.

Muitos tinham os pés inchados de tantas picadas.

A gente só comia quando estava morrendo de fome. Não havia comida para todos no abrigo. Então, o que aparecesse por ali a gente comia e até achava bom.

Foi outra dura provação!

Até que, numa manhã que se perdeu no tempo, chegou o emissário das fazendas da região de Presidente Venceslau que, enfim, nos resgatou daquele local.

Havíamos passado por tantos sacrifícios que, fosse o que fosse que viesse, seria bem vindo!

Fomos direto do abrigo do Porto de Santos para a estação ferroviária. Embarcamos apressados no trem que subiu a Serra do Mar.

Outra aventura que demorou horas e horas.

Subia um reboque por vez.

Lembro que o trem sequer parou na Estação da Luz.

Nosso destino era distante. Presidente Venceslau fica a 610 kms da Capital, no interior do Estado de São Paulo, quase divisa com o Mato Grosso.

Havia pressa.

Queriam se livrar de nós.

Ou os fazendeiros que o tal emissário representava deveriam estar precisando muito de nós…

(…)

SOBRE O TEMA, leia também:

*Brasil/Japão

*Coração oriental

*(foto: jô rabelo)

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