Ouvi de Erasmo após uma coletiva lá pelos anos 80.
Para ser preciso, foi no ano santo de 1981.
O Tremendão estava feliz que só.
O LP…
Pois é, vinil mesmo, bolachão, elepê.
O LP “Mulher” era o primeiro colocado em todas as paradas.
Músicas como “Mulher” e “Pega Na Mentira” tocavam sem parar nas rádios.
Sucessos em que aparece sem o parceiro Roberto.
Explicara a nós, repórteres, que continuavam amigos.
Distanciaram-se porque viviam momentos distintos como compositores.
Mas o afastamento era temporário.
Roberto era – e sempre será o amigo de todas as horas.
Começaram juntos. No programa de Carlos Imperial, na TV Rio.
Enfrentaram o desafio de convencer as gravadoras.
Não foi fácil.
A vida os uniu, de forma definitiva.
O pessoal só sabe das conquistas que perpetraram.
E ainda bem que era assim.
Os “nãos” que levaram ficaram num passado distante.
E muitos deles – disse Erasmo, com a habitual simplicidade – se transformaram em histórias que rendiam agora boas gargalhadas.
Como o dia em que ambos conseguiram, com a influência de um amigo, visitar a gravadora RCA.
Ficaram eufóricos.
Erasmo preparou a versão de uma canção italiana que ouvira na casa de outro amigo.
Ambos sonhavam em apresentar aos diretores da gravadora.
Quem sabe não rolaria o sonhado convite para gravá-la.
Assim que chegaram foram informados que o diretor artístico a quem foram encaminhados estava nos estúdios. O astro da época, Cauby Peixoto, estava preparando um disco novo. E, lógico, o homem fora para lá, a comprovar o prestígio que o cantor desfrutava.
Roberto ficou entusiasmado.
Era fã de Cauby – e quis conhecê-lo.
Cauby foi simpático.
Convidou os dois para assistir à gravação.
Seriam os primeiros a ouvir o novo sucesso.
Seria um sucesso na voz de Cauby.
Alguém duvidaria?
Ninguém. Menos ainda Roberto e Erasmo.
"Estou apaixonado por Marina
Uma ragazza bela que fascina
O dia em que beijei a sua boca
Senti meu coração, que coisa louca."
A letra soou estranha.
Mas, a música…
Bem, a música era a mesma que Erasmo tinha acabado de adaptar para o português.
Ainda dizem que não existem coincidências!
Imaginava ser gravada pelo o amigo Roberto – o que nunca aconteceu – e abrir as portas do estrelato para os dois.
O que só aconteceu tempos depois com “Parei Na Contra Mão”, “Splish Splash”, “É Proibido Fumar” e “Calhambeque”.
Mas, o resto da história, todos sabemos…
Foto no blog: Jô Rabelo