O ex-jogador Edmundo, agora investido da função de comentarista esportivo, bateu-boca no ar com o jornalista Paulo Vinícius Coelho (sobrando até para o narrador e jornalista Gustavo Villani) após a derrota do São Paulo na noite de quarta-feira, pela Sul-Americana.
Assisti à partida pela emissora, mas o sono me fez perder o, digamos, embate ao vivo. Dormi antes. O agora técnico Rogério Ceni ficou ensebando para dar a entrevista coletiva após o jogo – demorou quase uma hora – e, desconfio, que essa espera ajudou a acirrar os ânimos.
Sei que o vídeo do entrevero viralizou na rede – e acabou merecendo chamada na home do Uol na sexta e ainda agora, quando batuco essas maltraçadas, resiste por lá.
Foi um bafão, como diz meu sobrinho-neto.
II.
A coisa toda começa com a entrevista do diretor de Futebol do Tricolor, Vinicius Pinotti, dizendo ser “questionável” a presença de Rogério no comando do time do Morumbi. Só que ele diz “totalmente questionável” ao responder a um repórter que lhe pergunta:
– O Rogério é inquestionável no cargo?
– Totalmente questionável, totalmente questionável – fala e vai escapando dos microfones e dos repórteres que o esperam à saída do vestiário. Pelo gestual, os meneios da cabeça, o tom da voz, os dois jornalistas, não sei se na cabine ou nos estúdios da Fox, entenderam que Pinotti referendou Ceni como “inquestionável”.
Edmundo disse não, ele falou “questionável”. E insistiu: “questionável”.
III.
Veio o intervalo e, na volta, o pessoal que apresenta o Central Fox chama os três de novo no ar para esclarecer a questão. O diretor se confundiu, disse “questionável”, mas queria mesmo dizer que Rogério Ceni é “inquestionável” à frente do onze são-paulino.
Como chegaram a essa conclusão?
Nesse período, o PVC enviou um whats para o diretor que lhe respondeu, confirmando a “inquestionabilidade” (perdoem-me o titês) do técnico.
IV.
Quando a imagem volta nos “três tenores”, mostra PVC e Villani descontraídos e rindo do mal-entendido. Ao lado deles, está Edmundo com uma indisfarçável tromba.
Ele interrompe quando PVC diz que o boleiro estava certo – e provoca:
“Não, eu não estou certo, certos sempre estão os jornalistas.”
Aí, a coisa desandou…
(Deem um Google. Assistam ao vídeo que é mais divertido, e propõe algumas reflexões).
V.
Vamos lá…
Há casos e casos, ok?
Já disse aqui, no Blog, e hoje repito:
1 – o abalroamento entre os cronistas esportivos não é nenhuma novidade em programas de TV e/ou rádio que se propõem ao debate.
2 – Há, sim, “diferenças” entre boleiros e jornalistas quando se trata de analisar e opinar sobre as coisas do mundo da bola. Especialmente na TV há uma convivência tolerável entre as partes.
3 – Via de regra, o boleiro despreza o jornalista diplomado “por que nunca esteve lá” e o jornalista acha que o ex-jogador está ocupando o lugar de um profissional que se preparou para exercer a função.
(Claro que há exceções à regra. Casagrande, Tostão, Zico, entre outros raros, que todos admiram).
V.
Volto a lembrar uma conversa de balcão sobre o assunto, lá no mais antigo dos anos.
Ouvi de um colega de Redação a seguinte questão:
— Quem sabe mais da doença o médico ou o próprio doente?
— Trabalhar 14, 16 horas por dia na redação de um jornal, ninguém quer, né? Pra aparecer na TV faz fila – disse outro dos nossos.
Gostei mesmo da fala do grande Escova sobre a polêmica:
— No Brasil, à sua maneira, todo mundo entende de futebol – e desentende também. Somos todos torcedores…
VI.
Em tempo e pra terminar: o que o PVC fez foi apurar uma informação que não estava assim tão clara. Papel do repórter. Não desqualificou os apurados ouvidos do craque Edmundo…