A moça entra no elevador e, antes mesmo do habitual bom dia, vai logo perguntando:
— Gostou do jogo?
Só agora reparo que ela veste com a camisa azul da seleção brasileira.
Será que está com o uniforme desde ontem?
Ou será que quer demonstrar que acredita no Brasil, mesmo depois da frágil atuação de ontem?
Fico indeciso.
E ela aproveita o silêncio da minha hesitação:
— Podia ser de mais, né?
Poder podia, mas não foi.
E assim é o futebol.
Nem o melhor goleiro do mundo, nem a melhor defesa do mundo, nem todos os cuidados dos tais treinos secretos…
Nada evitou aquele golzinho coreano nos últimos minutos da partida.
— 2×1 foi pouco, respondo por responder.
Na verdade, não gostei, nem desgostei do que vi na tela da TV – o primeiro tempo na Globo, o segundo na ESPN Brasil.
Não culpo a ansiedade da estreia.
Não culpo a Jabulani – aliás, por quem nutro certa simpatia.
Nem o esforçado Dunga e sua comissão técnica.
(Fazem o que podem para dar um padrão adequado ao escrete.)
Menos ainda acho que os que não foram – Ronaldinho Gaúcho, Ganso, Neymar, Adriano – mudariam o panorama da partida de ontem.
Escrevi aqui há algumas semanas: não temos mais a geração vitoriosa de craques que tivemos de 58 a 70 e de 94 a 2002.
Para ficar só com exemplos do time de Felipão, ponderem comigo:
Luiz Fabiano não é o Ronaldo Fenômeno.
Robinho está longe de ser o que foi Ronaldinho Gaúcho naquele momento.
E Kaká não mostra a mesma eficiência que Rivaldo.
É básico.
O nível caiu…
Estamos na esfera dos nossos adversários.
Esses meninos podem até ser campeões mundiais.
Nunca, porém, repetirão o encantamento de Didi, Garrincha e Pelé…
Queria explicar isso para a torcedora. Mas ela desceu em um andar antes do meu.
E sequer me disse “bom dia”.
** FOTO NO BLOG: Camila Bevilacqua