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Bozó em A Força do Querer

Bozó está aflito. Esgueira-se por aqui e por ali, nos estúdios do Projac, louco de vontade de ‘ocupar’ o set das gravações da novela A Força do Querer.

– Quem escalou esse elenco estava iluminado. O que tem de mulher bonita, é um absurdo.

Lembram-se do Bozó?

Pois é, ele mesmo:

– É que entendo tudo de sereias. Inclusive conheci algumas nas minhas andanças mar adentro e quero assim ajudar. Dar uns toques para a Isis Valverde. Cadê a bela?

II.

(Por sorte, a atriz não gravaria nesse dia.)

Quem não conhece o safo que acredite em suas boas intenções.

– Sou eu, o Bozó. Não está me reconhecendo? Trabalho na Globo, sou assim com os caras lá em cima. Sempre atento às novas revelações…

Não consegue sequer terminar a frase, vê a chegada das belas Juliana Paiva e Lucy Ramos. Apressa o passo para acompanhá-las. Quer derrubar duas lebres com um só golpe. Entrar nos estúdios e jogar o habitual xaveco.

Entre a loira e a morena, não escolhe. Joga a cascata para ambas:

– Vocês estão bem na novela. Soltas, desenvoltas. Mas, estão sem espaço. Se uma de vocês quiser ou se ambas quiserem, tô aí. Posso dar uma ajudinha…

III.

As atrizes riem e se entreolham. Não é difícil identificar a ideinha da peça. Sequer respondem. Bozó não tem sequer tempo para lamentar-se. Vê Maria Fernanda Cândido vir em sua direção e se apruma todo.

É a elegância em pessoa. Uma mulher culta. Ela o cumprimenta com um singelo “Olá” e segue em direção ao amigo e parceiro na novela Dan Stulbach.

– Vamos passar o texto? – propõe ao ator.

Bozó se liga na deixa. E não se dá por vencido. Assim que vê Juliana Paes com o roteiro na mão, vai se oferecendo para ‘passar o texto’ com ela.

– Esse negócio de ‘passar’… o texto é comigo mesmo. Quer experimentar? Vai ser inesquecível. Vamos?

IV.

Ju Paes desacredita.

De onde saiu a figura? Não lhe é inteiramente desconhecida, mas…

Escancara um sorriso e deixa Bozó falando sozinho:

– Sou eu, o Bozó? Trabalho com os caras lá em cima. Conheço o Daniel Filho…

Vê que Bruna Linzmeyer se aproxima com seus imensos olhos azuis e não se faz de rogado:

– Conheço o Daniel Filho, o Fábio Júnior… Se a moça quiser, posso falar para o Fabio dar um jeito no filho, o Fiuk, não fazer mais essas presepadas para cima de você. Quer? A gente pode conversar…

– Oi… É comigo? O que o senhor disse? Essa roupa… O senhor trabalha no Zorra? O senhor é engraçado.

V.

Perguntou – e não ouviu a resposta.

O senhor, o senhor, o senhor… Bozó se tocou que ali não haveria jogo. Mas, não se deu por derrotado. Ainda tinha uma carta na manga. A dama de ouro. Paola de Oliveira.

Era ela que se aproximava, devidamente fardada como policial, como mandava a cena que a sua personagem gravaria naquele dia. Ao que Bozó ficou sabendo da trama (ela deveria prender um bandido, depois de se enroscar com ele numa luta e lhe aplicar uma poderosa chave de braço), não teve dúvidas.

Foi logo se oferecendo:

– Deixa comigo. Sou o Bozó. Entendo tudo de meliante. Deixa que o papel é meu… E não precisa nem ensaio. Uma vezinha só e já está de bom tamanho. Vamos lá, 1, 2, 3… Gravando. Me chuta, me bate, me agarra, Paola de Oliveira, que eu mereço…

*Nota do Blog

Esta crônica é uma combalida, mas sincera, homenagem ao inesquecível Chico Anysio que, entre tantos talentos, também foi extraordinário cronista.

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