Foto: Divulgação
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Caetano Veloso é intérprete único. De renome internacional.
Um exemplo: foi publicamente elogiado por Almodovar pela sentimentalidade e o tom precisos à canção que entoa.
Seja ela qual for.
Vale para o clássico Cucurrrucucu no filme Fale Com Ela, vale para o hit pop Sozinho do incrível Peninha (a mim apresentado pelo saudoso amigo Ismael Fernandes), vale para Coração Materno, do operístico Vicente Celestino. Sem falar, óbvio, sobre as maravilhas que o próprio Caetano compõe.
É dos raros a dar uma leitura personalíssima às contagiantes criações benjornianas.
Ouçam atualíssima (embora gravada em meados de 70) Charles, Anjo 45 – e depois me digam!
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Como compositor, então, não há reparos.
Têm uma obra sólida, insinuante – e que se renova a cada manhã.
Está seguramente no panteão de autores do nosso cancioneiro popular.
Aliás, esta geração de nascidos entre 42 e 45 – Caetano, Gil, Edu Lobo, Chico Buarque, Milton Nascimento, Ben Jor, Paulinho da Viola, Erasmo & Roberto –, me arrisco dizer, é (e sempre será) uma bênção para nossa cultura popular.
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Uma característica muito peculiar de Caetano é a afinidade que, aos 77 anos, ainda preserva com as novas gerações e novos caminhos da música popular.
Mais do que uma postura generosa de um notável cantor/compositor, penso: trata-se de um raríssimo talento para ver – e ser a ponte para o novo que floresce na mais sensível manifestação da arte de um povo – a música – que, penso, já viveu dias mais felizes.
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Uma prova é o recente trabalho com o músico Ivan Sacerdote, lançado nas plataformas digitais agora em janeiro.
Deliciem-se com uma das faixas:
clarice falasca
1, fevereiro, 2020Ando cantarolando ultimamente céu de santo amaro. claro que ouvindo Caetano cantá-la é bem melhor.